Mourão e Ricardo Salles compartilham ‘mico’ da mata atlântica para negar fogo na Amazônia

Da Revista Cenarium*

MANAUS – O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, publicaram em rede social um vídeo que nega que a Amazônia esteja queimando e traz imagens de um mico-leão-dourado, animal que só é encontrado na Mata Atlântica.

“Recebi este vídeo, ‘Amazônia não está queimando’…” escreveu o ministro Rircardo Salles, publicando a campanha produzida pela Associação de Criadores do Pará (AcriPará), que reúne pecuaristas do Estado.

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“De que lado você está? De quem preserva de verdade ou de quem manipula seus sentimentos? O Brasil é o País que mais preserva suas florestas nativas no mundo. Essa é a verdade. Nós cuidamos!”, escreveu Mourão.

Nesta quinta-feira, 10, questionado por jornalistas sobre o vídeo, Mourão respondeu que “aquilo é uma integração Amazônia-Mata Atlântica”. Mas o presidente da AcriPará admitiu que o uso do mico-leão-dourado no vídeo foi uma “gafe”.

Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que, em agosto, a Amazônia teve 29.307 registros de queimadas.

Uma outra parte que chama atenção é a presença do mico-leão-dourado. Conforme a Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), a espécie vive exclusivamente no Rio de Janeiro; outras espécies de mico-leão só são vistas na Bahia, em São Paulo e no Paraná, ou seja, a milhares de quilômetros da Floresta Amazônica.

O vídeo, de 1 minuto e 38 segundos e que conta com narração em inglês e legendas em português, ganhou repercussão internacional.

Queimadas

Dados do próprio governo contradizem Salles e Mourão. Segundo o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em agosto, a Amazônia teve 20.670 km² de mata queimada, sendo que no mês anterior foram 3.515 km², um aumento de aproximadamente 488% no período. Somente neste ano, 20.670 km² da maior floresta do mundo foram devastados pelo fogo, muitas vezes criminoso.

Em julho deste ano, as queimadas foram proibidas por 120 dias pelo governo de Jair Bolsonaro, após a crise internacional ocorrida no ano passado devido ao seu aumento nessa floresta essencial para o equilíbrio do clima no planeta.

(*) Com informações da Folha de São Paulo e G1

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