Movimento internacional pressiona por impeachment de Bolsonaro e busca união entre Lula e FHC

Os ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Lula (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
Bruno Pacheco – Da Cenarium

MANAUS – O conselho político do movimento Direitos Já – Fórum pela Democracia anunciou, nesta quarta-feira, 8, que é a favor do impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), após as manifestações antidemocráticas promovidas por ele no dia 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil. Em reunião na noite de terça-feira, 7, que contou com personalidades políticas de partidos como o PT e PSDB, o grupo decidiu que fará um protesto internacional e um ato para unir os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso.

Segundo a colunista Vera Magalhães, do jornal O Globo, ficou definido um calendário que ocupa todo o mês de setembro com ações a favor da destituição de Bolsonaro. Na agenda, está o ato internacional que contará com políticos e intelectuais contra Bolsonaro, um novo pedido de impeachment e um pedido de uma audiência para pressionar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

A reunião contou com a participação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, a ex-senadora e ex-presidenciável Marina Silva (Rede), o vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede), o senador José Aníbal (PSDB), o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT), além de representantes do DEM, PSB, PSL, PV, Cidadania, entre outros.

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Manifestantes seguram faixa pedindo saída de Bolsonaro da Presidência em protesto, no Centro do Rio (Pliar Olivares/Reuters)

Resposta contundente

Em nota pública, o movimento diz que a versão bolsonarista para o 7 de Setembro de 2021 exige uma resposta contundente das forças democráticas brasileiras e que não há mais como justificar qualquer tipo de tolerância ao projeto golpista do presidente.

O Direitos Já declara ainda ser necessário que seja retirado qualquer sustentação ao ato antidemocrático, pois são inaceitáveis as ameaças explícitas a outro poder, assim como o uso de recursos públicos para fomentar ataques à democracia, ao sistema de votação eletrônica e para a promoção eleitoral.

“Seguindo em seus esforços de união amplíssima contra a escalada autoritária do bolsonarismo, o Direitos Já! Fórum pela Democracia se posiciona em desagravo ao STF, ao Tribunal Superior Eleitoral, conclama a sociedade brasileira a vocalizar um sonoro não a estas pretensões tirânicas e assume posicionamento em defesa do impedimento de Bolsonaro”, diz trecho da nota.

Fernando Henrique Cardoso cumprimenta Lula durante encontro (Ricardo Stuckert/Reprodução)

Democracia

Para o Direitos Já, aqueles que não se posicionarem a favor da democracia e das instituições brasileiras estarão fazendo uma escolha histórica pela arbitrariedade e somarão à atitude ilegal de Bolsonaro, que promete descumprir decisões do Supremo Tribunal Federal. “Uma vez rasgada a Constituição desta forma, o que restará? E de qual lado estarão as forças políticas, sociais e econômicas que têm silenciado diante de seguidos ataques e ameaças promovidos pela extrema-direita no Brasil?”, questiona o grupo.

Ainda de acordo com a nota, a urgência deveria ser o enfrentamento da pandemia, da fome, do desemprego, bem como da desigualdade, assim como da inflação desenfreada, da crise hídrica e energética, reflexo da política ambiental do País. “São enormes os desafios para a reconstrução do Brasil e o presidente não apresenta condições mínimas para liderar esses esforços. A sociedade brasileira clama por independência, democracia, autonomia, justiça social e paz. Que as instituições cumpram o seu papel de forma exemplar e este 7 de Setembro seja para sempre símbolo de um ponto de virada, do início da superação desse projeto insensato e despótico”, reforça a nota do movimento.

Trecho do manifesto coletivo da iniciativa Direitos Já (Reprodução/Facebook)

Relações internacionais

Na análise do advogado, sociólogo e cientista político Carlos Santiago, uma eventual aproximação de Fernando Henrique Cardoso e Lula, dentro do atual contexto político brasileiro, pode oferecer uma saída das condições vivenciadas pelo Brasil, atualmente: o isolamento internacional e, interno, com uma grave crise institucional.

“A aproximação de Fernando Henrique Cardoso e Lula, dentro do atual contexto político, pode oferecer uma saída das condições do Brasil hoje: isolado internacionalmente e, internamente, com grave crise institucional”

Carlos Santiago, advogado, sociólogo e cientista político

“A união de forças políticas para afastar e até derrotar nas urnas as movimentações e as personalidades que não respeitam os valores democráticos e o Estado Democrático de Direito, é importante. Essa união política com valores ideológicos diversos já aconteceu, no movimento pela redemocratização do Brasil, na década de 1980”, destaca Santiago.

Para o especialista, o momento não é de divergências, mas de convergências. Segundo Carlos Santiago, os ex-presidentes Lula e FHC não têm a mesma origem social, mas são democratas, o que deve favorecer o laço entre os dois. O sociólogo reforça também que os eventos programados para setembro a favor do respeito das instituições de Estado são formas dos brasileiros conhecerem as posturas das lideranças políticas do País.

“Os eventos agendados pela manutenção da democracia e pelo respeito às instituições de Estado são formas dos brasileiros conhecerem as posturas das lideranças políticas do País. O contorno internacional dos eventos de setembro das oposições se deve à importância do Brasil na região e no mundo. Qualquer quebra do sistema político terá impacto nas relações internacionais.”, conclui.

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