MP-AM apreende R$ 890 mil e bloqueia R$ 2,5 milhões de vereador em caso de ‘rachadinha’
Por: Fred Santana
03 de outubro de 2025
MANAUS (AM) – O Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) bloqueou R$ 2,5 milhões em bens do vereador de Manaus Rosinaldo Bual (Agir), que foi preso preventivamente em uma operação realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), nesta sexta-feira, 3. Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao parlamentar e à chefe de gabinete dele, Luzia Seixas Barbosa, os agentes encontraram cofres com dinheiro em espécie guardado em sacola e cheques que, juntos, somam R$ 890 mil, além de joias e uma arma de fogo.
O MP-AM também apura se Rosinaldo Bual utilizaria também esses recursos para agiotagem. Informação exclusiva da CENARIUM mostra que em maio de 2024, o vereador foi formalmente acusado pela prática contra um empresário de Manaus. O crime foi citado em Julgamento da Apelação de uma ação de integração de posse entrou na pauta da Primeira Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM).
A operação Face Oculta, realizada na capital amazonense, cumpriu 17 mandados de busca e apreensão e dois de prisão, desarticulando um esquema de “rachadinha” na Câmara Municipal de Manaus. De acordo com o promotor Leonardo Tupinambá, coordenador do Gaeco, as investigações apontam que Bual mantinha funcionários em seu gabinete com alta rotatividade, exigindo que parte dos salários fosse devolvida. O dinheiro ia, primeiramente, para quatro a cinco pessoas da equipe do parlamentar, que depois revertiam os valores em benefícios do parlamentar.

“O vereador tinha uma alta rotatividade entre os funcionários do gabinete. Identificamos aproximadamente 50 servidores, dos quais até metade do salário deveria ser devolvida a ele”, disse o promotor. Embora atualmente esteja no terceiro mandato, o esquema que está sendo investigado diz respeito, inicialmente, apenas ao atual.
Na operação, foram apreendidos três cofres, cheques que juntos somam R$ 530 mil, uma grande quantia em espécie – que precisou ser contada com auxílio de equipamento bancário – e uma arma de fogo. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 2,5 milhões das contas do vereador. Bual também foi autuado em flagrante por posse irregular de arma de uso permitido.

O promotor explicou ainda que que a prisão de Rosinaldo não teve ligação com a do seu afilhado e assessor, Gabriel Ferreira Barbosa, preso em abril suspeito de furtar R$ 130 mil, em dinheiro, de um cofre da casa do parlamentar.“Essa investigação já corria há mais tempo. Tivemos denúncias anteriores sobre a prática de rachadinha, e o vereador já estava no nosso radar antes da prisão ocorrida no início deste ano”, disse Tupinambá.
Durante as buscas, os investigadores encontraram uma arma, o que levou o vereador a ser autuado em flagrante por posse irregular de arma de uso permitido. Os crimes atribuídos ao parlamentar e à chefe de gabinete incluem peculato, concussão, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A expectativa do Ministério Público é de que a denúncia formal seja apresentada já na próxima semana, respeitando os prazos legais.

Assessores presos em 2024
Durante as eleições de 2024, quatro assessores do vereador Rosinaldo Bual foram presos – um no primeiro turno e três no segundo – suspeitos de compra de votos. A informação foi divulgada pela Polícia Federal (PF). Os suspeitos foram presos na Rua T8, bairro Compensa. Na época, Bual já fazia parte da base de David Almeida (Avante) na Câmara Municipal de Manaus. Com os assessores do vereador foram encontrados R$ 1,3 mil em espécie.
Até o momento, único vereador investigado
Em resposta à CENARIUM, o promotor Leonardo Tupinambá declarou que, até o momento, a investigação não envolve outros vereadores da Câmara Municipal. Vale lembrar, no entanto, o episódio ocorrido em agosto de 2024, quando a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) indiciou o vereador Dione Carvalho, do mesmo partido de Rosinaldo Bual, o Agir.
Carvalho também foi foi acusado de participar de um esquema de desvio de salários de funcionários de seu gabinete, comumente chamado de “rachadinha”. A esposa do vereador estaria coagindo assessores do parlamentar a devolver parte dos seus salários.