MP denuncia dois atletas do Acre por injúria racial
Por: Ana Pastana
01 de julho de 2025
MANAUS (AM) – O Ministério Público do Acre (MP-AC) informou, nessa segunda-feira, 30, que denunciou dois jogadores de futebol, do time Santa Cruz Acre, por injúria racial contra o jogador Erick Rodrigues da Silva, do time acreano Galvez Esporte Clube. O caso aconteceu durante uma partida de futebol da categoria sub-20 do Campeonato Acreano, no dia 17 de junho, no estádio Antônio Aquino Lopes, em Rio Branco.
Conforme publicou a CENARIUM, no último dia 25, a abertura do procedimento investigatório, datada do dia 18 de junho, foi divulgada na segunda-feira, 23, em edição do Diário Oficial da instituição. As condutas foram enquadradas como crime com base na Lei nº 7.716/89, que trata de infrações motivadas por preconceito racial.
De acordo com a Promotoria de Justiça Especializada de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania, os denunciados, em momentos distintos da partida de futebol, proferiram ofensas contra o atleta do time adversário, como “urubu”, e fizeram gestos depreciativos insinuando que Erick estava com mal cheiro. Segundo a denúncia, os jogadores fizeram ofensas contra o jogador baseados na raça e cor da pele do atleta.
“Os denunciados teriam, em momentos distintos do jogo, proferido ofensas contra um atleta adversário com base em sua raça e cor da pele. Um deles utilizou expressão de cunho pejorativo, e o outro fez gesto ofensivo com o objetivo de desqualificar a vítima. As condutas foram enquadradas como crime previsto na Lei nº 7.716/89, que trata dos crimes resultantes de preconceito racial“, diz um trecho da nota.
No perfil oficial do Galvez Esporte Clube, com uma foto do jogador, o time repudiou os ataques e informou que o clube ofereceu todo o apoio necessário ao atleta. “Apesar da derrota por 2 a 0, é necessário destacar que dois atletas adversários dirigiram insultos racistas ao nosso jogador Erick, utilizando expressões ofensivas como “urubu” e gestos depreciativos insinuando que o atleta “estava fedendo”, consta na publicação.
O clube de futebol informou, ainda, que os árbitros responsáveis pelo jogo afirmaram que o caso foi registrado em súmula — relatório com as justificativas dos acontecimentos do jogo — e que o documento deve servir de prova para seguir com a investigação contra os jogadores do time Santa Cruz Acre.
“O quarto árbitro da partida afirmou que os fatos serão relatados em súmula, e estamos acompanhando com atenção os desdobramentos e o posicionamento oficial da equipe de arbitragem e das autoridades competentes“.

Por sua vez, o time Santa Cruz Acre também se manifestou por meio do perfil oficial do Instagram reforçando o compromisso com o combate a qualquer forma de preconceito.
“O Santa Cruz Acre reitera seu compromisso inegociável com o combate a qualquer forma de preconceito, incluindo o racismo, conduta que considera inaceitável e intolerável em qualquer contexto. O Santa Cruz Acre reitera seu compromisso inegociável com o combate a qualquer forma de preconceito, incluindo o racismo, conduta que considera inaceitável e intolerável em qualquer contexto“, diz a nota.
‘Me senti ofendido’
Em vídeo publicado nas redes sociais do clube, o jogador se manifestou contra a atitude dos jogadores adversário e afirmou que se sentiu “muito ofendido” com o episódio. Apesar dos ataques, o atleta disse que tem “muito orgulho de ser negro“.
”Queria dizer que me senti muito ofendido no momento, mas tenho muito orgulho de ser negro de ser preto mesmo. O meu cheiro é de uma pessoa que trabalha todo dia, para conquistar o meu sonho desde criança. A minha pele carrega história e ninguém vai apagar isso”, declarou o jogador.