MPF move ação por improbidade administrativa contra Pazuello por omissão de compra de vacinas


02 de julho de 2021
MPF move ação por improbidade administrativa contra Pazuello por omissão de compra de vacinas
O processo aponta um prejuízo causado pela gestão de Pazuello de pelo menos R$ 122 milhões (Divulgação/O Globo)

Com informações do O Globo

BRASÍLIA – O Ministério Público Federal (MPF) moveu uma ação por improbidade administrativa contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. A ação foi movida pela Procuradoria da República do Distrito Federal (PR-DF) e é a segunda do tipo contra o ex-ministro.

O processo aponta um prejuízo causado pela gestão de Pazuello de pelo menos R$ 122 milhões. Os procuradores identificaram “negligência” nas negociações para a compra de vacinas. Na avaliação do MPF, Pazuello agiu de forma dolosa, ou seja, com intenção de atingir um determinado resultado.

A ação tramita em segredo de Justiça e foi assinada por oito procuradores da República. Segundo nota divulgada pelo MPF, os procuradores identificaram seis irregularidades cometidas na gestão de Pazuello. Entre elas estão: omissão na compra de vacinas, adoção ilegal do chamado tratamento precoce com medicamentos sem comprovação científica contra a Covid-19 como a cloroquina, omissão na ampliação da política de testagem contra a doença, ação deliberada para dificultar acesso da população aos dados de casos e mortos pela Covid-19, coordenação de ações de publicidade errôneas sobre a doença e omissão na coordenação para a compra de medicamentos e insumos essenciais. Segundo os procuradores, a “omissão e negligência” na compra de vacianas “custou caro à sociedade”.

“A omissão e a negligência do ex-ministro da Saúde no trato das negociações das vacinas custou caro à sociedade (que sofre os efeitos sociais de uma economia em crise e sem perspectiva de reação), à saúde da população (que amarga índices descontrolados de morbidade e mortalidade por Covid-19) e ao SUS (cujos leitos de UTI Covid adulto, só no primeiro semestre de 2020, custaram R$ 42 milhões/dia ou R$ 1,27 bilhão/ mês)”, afirmam os procuradores.

Para os procuradores, a demora de Pazuello em fechar contratos para a aquisição de vacinas foi “injustificável”. “A resistência do ex-ministro da Saúde em negociar a contratação e a aquisição de vacinas, com a antecedência o planejamento necessários, é injustificável e irrazoável”, diz um trecho da ação.

A demora na compra de vacinas da Pfizer contra a Covid-19 é também investigada pela CPI da Covid. Documentos encaminhados à comissão mostram que o governo brasileiro ignorou pelo menos 10 ofertas da Pfizer relacionadas ao imunizante.

O processo menciona ainda estudos que afirmam que mais de 100 mil pessoas morreram por conta da lentidão do governo em adquirir vacinas contra a Covid-19. “Quase 100 mil óbitos podem ser atribuídos à omissão governamental na aquisição de vacinas com a urgência que o enfrentamento da pandemia reclamava”, diz o documento.

Para os procuradores, Pazuello agiu com dolo ao não tomar suas decisões com base em critérios técnicos. “Se as decisões de gestão – que deveriam ser técnicas – são adotadas por força de influências externas, está comprovado o comportamento doloso ilícito do Ministro e perfeitamente configurado o ato de improbidade administrativa que, em última análise, é a deslealdade qualificada da conduta do agente público frente ao cidadão a quem deveria servir”, diz um trecho da ação. 

Esta é o segundo processo por improbidade administrativa enfrentada por Pazuello. Ele também é processo pelo MPF no Amazonas por conta de sua atuação na crise do sistema de saúde do Estado no início do ano.

O GLOBO procurou Pazuello, a Presidência da República e a Secretaria de Estudos Estratégicos  (SAE), atualmente ocupada pelo general, mas nenhuma resposta foi enviada até o momento.

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