MPF pede que repasse do valor adquirido em leilão de minerais apreendidos sejam destinados aos indígenas em RR


15 de junho de 2022
MPF pede que repasse do valor adquirido em leilão de minerais apreendidos sejam destinados aos indígenas em RR
Imagem da Terra Indígena Yanomami (Bruno Kelly/HAY/ISA)
Com informações da assessoria

BOA VISTA (RR) – O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação na terça-feira, 14, que obriga a Agência Nacional de Mineração (ANM), a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a União a destinarem recursos levantados com leilão de cassiterita extraída por garimpo ilegal para serem destinados à proteção de territórios indígenas em Roraima. A ação, com pedido de tutela provisória, foi submetida depois que a ANM não se manifestou em pedidos prévios sobre a destinação dos bens aos povos indígenas.

O documento pede a obrigatoriedade do repasse após as autoridades deixarem decorrer o prazo da recomendação emitida em maio deste ano, sem manifestação às diretrizes do MPF. Por isso, o órgão entende que a ANM efetivamente pretende leiloar os minérios extraídos de terras indígenas e revertê-los como receita própria a ser consignada no orçamento geral da União.

A ação visa garantir a destinação dos recursos aos povos indígenas, por meio da realização do leilão, com edital publicado, no máximo, em 30 dias, pela agência. Já a Funai e a União devem apresentar um plano de aplicação dos recursos em ações, programas, aquisição, manutenção ou operação de equipamentos necessários para efetivação da desintrusão da TI Yanomami e para a proteção de territórios indígenas no Estado.

O MPF é categórico que a verba não seja usada para pagamento de pessoal ou outras despesas correntes, pois isso beneficiaria, unicamente, a União. Para o MPF, seria contraditório que a União, ente responsável pela proteção das terras indígenas, acabasse sendo beneficiada pela atividade ilegal. A ação ressalta, ainda, que o material se trata de bens originados de exploração criminosa que prejudica povos e terras indígenas.

“O fato é que não há como afastar a comunidade indígena da destinação do proveito econômico gerado a partir da exploração ilícita de recursos extraídos do referido território, sobretudo, ao se considerar o maior potencial destrutivo, do ponto de vista socioambiental, do exercício de atividade de garimpo, de modo ilegal e clandestino, muitas vezes, mediante emprego de mercúrio e de técnicas que incrementam o rastro de destruição característico e intrínseco da atividade de mineração”.

Recomendação

Em maio, o MPF havia emitido uma recomendação à Agência Nacional de Mineração (ANM) e à Fundação Nacional do Índio (Funai) para garantir que o dinheiro arrecadado com o leilão de cassiterita, em Roraima, fosse direcionado a indígenas. O MPF recebeu informações de que a agência já preparava um edital para desfazimento do mineral e outras substâncias apreendidas e pretendia receber os valores levantados com a venda e, por isso, entendeu que representaria grave inversão de ônus dos crimes ocorridos. O material, fruto de garimpo ilegal, tem valor estimado em R$ 25 milhões.

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