Mudanças climáticas afetam economia e aumentam mortalidade em países subdesenvolvidos

Mudanças no clima aumentaram cinco vezes em 50 anos, matando 2 milhões de pessoas e gerando prejuízo global de R$ 7,1 trilhões. (REUTERS/Reprodução)
Iury Lima – Da Cenarium

VILHENA (RO) – Mais de dois milhões de pessoas morreram ao redor do planeta, vítimas de desastres causados por mudanças climáticas, como inundações, ondas de frio e de calor e até mesmo furacões. Além disso, na última década, as perdas econômicas mundiais somaram R$ 7,1 trilhões.

Para o diretor da 350.org, organização sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos, Ilan Zugman, os dados do relatório divulgado nesta semana pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Organização Meteorológica Mundial (OMM), alertam que as alterações do clima aumentaram cinco vezes nos últimos 50 anos.

O especialista destaca que os fatos são provas de que os desastres causados pela própria ação humana ameaçam o modo de vida de todas as sociedades. No entanto, é a camada menos favorecida que mais padece, pois, de acordo com o levantamento, 91% das vítimas viviam em países pobres ou em desenvolvimento.

“Todo esse tipo de evento climático extremo causa diversas mortes. Ou seja, quando tem uma tempestade, um deslizamento de terras, esses desastres vão matar pessoas. As enchentes matam pessoas. Os furacões, os incêndios, todos esses eventos climáticos matam um grande número”, pontuou.

Ilan Zugman, diretor da 350.org, em entrevista online (Reprodução/350.org)

Reflexos

Segundo o relatório da OMM, a América do Sul passou por mais de 800 desastres nas últimas cinco décadas, resultando em 57.892 mortes, além de um prejuízo financeiro avaliado em R$ 500 bilhões, sendo que no continente a liderança foi do Brasil.

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“Infelizmente essa é uma nova realidade para o ser humano, que é o principal responsável, com o uso e a queima dos combustíveis fósseis e pelo tratamento dos nossos biomas e as florestas com desmatamento e queimadas”, continuou o ativista.

Ilan explica que a queima de combustíveis fósseis como o petróleo e o carvão, bem como as emissões de dióxido de carbono (CO²) provenientes das queimadas e do desmatamento causam o efeito estufa. “Um planeta mais quente tem um clima totalmente desregulado. Com isso, já estamos vivenciando a escassez hídrica do país e terríveis tempestades, onde em cinco horas chove o que era para chover em um mês”, alertou.

Ida é o 5º furacão mais intenso a atingir o continente, o 2º mais intenso da história do Estado da Luisiana e o mais caro em prejuízos econômicos desde o Katrina, em 2005. (AFP/reprodução)

“Diversos incêndios devastadores na Europa, uma seca terrível no Brasil, e a chuva dos mil anos na China (…) cada vez mais potente e frequentes. Isso não é a sociedade civil quem está dizendo, são os cientistas mais renomados do mundo inteiro que vêm pesquisando e alertando, ano após ano, que as coisas vão ficar cada vez mais intensas”, afirmou Zugman.

Energia limpa e renovável

O economista e ativista ambiental Marcus Eduardo diz que os dados da OMM são estarrecedores. “Nesses últimos 50 anos nós já descobrimos o que isso tem feito de ruim para a vida do planeta. São dois milhões de mortes. Todos perdem nesse modelo que é instável”, declarou. 

“Se nós temos alguma saída, essa saída chama-se: fazer a transição ecológica. Nós temos que derrubar a economia dos combustíveis fósseis, em direção a uma economia com energias limpas e renováveis”, continuou.

O economista e ativista ambiental Marcus Eduardo (Reprodução/Acervo pessoal)

No entanto, o economista reconhece a dificuldade de trilhar tal mudança frente a um sistema que idealiza o lucro. “Derrubar a economia dos combustíveis fósseis não será fácil nem econômica nem politicamente. Nós estamos falando de um setor que movimenta cinco trilhões de dólares”, ponderou.

“Mas é urgente, preciso e necessário que tenhamos uma economia de baixo carbono ou uma economia pós-carbono, como muitos gostam de dizer, porque é assim, nesse novo modelo, pensando em economia e na sociedade com atividades sustentáveis, que nós vamos conseguir algum avanço em relação à qualidade de vida, em relação ao bem-estar e colocar o planeta no eixo”, concluiu o especialista. 

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