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Mudanças climáticas devem aumentar em 50% a incidência de raios na Amazônia
A Amazônia já é o lugar com o maior número de descargas elétricas do País. (Reprodução/INPE-ELAT)
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01 de novembro de 2021
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – As mudanças climáticas devem aumentar em cerca de 50% a ocorrência de raios apenas na Amazônia, região que já é o lugar com o maior número de descargas elétricas do Brasil, até o fim do século. Os pesquisadores Osmar Pinto Junior e Iara Cardoso, do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no livro “Brasil: campeão mundial de raios”, apontam que o aumento implicará no equilíbrio da floresta, telecomunicações e até mesmo nas redes de energia.
A localidade mais afetada por raios, em todo o País, fica no Amazonas, mais especificamente nas imediações de Manaus. Segundo o estudo, a região Nordeste também deve sofrer um aumento de 10%, além das demais regiões brasileiras que vão registrar aumento entre 20% a 40% na ocorrência de raios. Para fazer as projeções, os cientistas se basearam nas análises dos 12 principais modelos climáticos globais.
O aumento no número de dias de tempestade, por grau de aumento na temperatura no Hemisfério Sul, é de 35%. A temperatura do planeta aumentou 1,18ºC desde o fim do século XIX, com a maior parte do aumento concentrada a partir de 1970, sendo os últimos sete anos os mais quentes já registrados.
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A pesquisa mostra que a maior parte dos raios que atinge a superfície cai nas florestas tropicais e os raios fazem parte da dinâmica das florestas, pois influenciam o volume de biomassa e a estrutura das matas. “Todos os modelos indicam a mesma tendência: mais calor e consequentemente mais tempestades e raios”, afirma Osmar Pinto Jr. ao jornal O Globo.
Com tempestades frequentes, a Amazônia não fica mais de três ou quatro dias sem descargas elétricas. Análises de dados de satélites revelaram uma área de cerca de 25 km², a cerca de 100 quilômetros de distância da capital amazonense, às margens do rio Negro, é a localidade mais afetada de todo o País: esse fragmento de floresta é atingido por raios 250 dias por ano.
Levantamento feito na manhã desta segunda-feira, 1º, no “Mapa de raios em tempo real” do Elat, mostra que a região acima mencionada, assim como outras regiões no Amazonas, apresentam atividade elétrica de baixa à moderada.
Mortes
O aumento da incidência de raios impacta diretamente nos desligamentos das linhas de transmissão e de redes de distribuição de energia. Atualmente, os pesquisadores estimam que 70% e 40% desses eventos, respectivamente, são causados por raios, e alertam que “prejuízos aumentarão caso medidas de prevenção de acidentes não sejam tomadas”. O mesmo pode acontecer com as mortes — em torno de 100 por ano.
“Um raio pode incinerar uma árvore, mas o fogo não se espalha, porque a floresta é muito úmida. As árvores mortas abrem espaço para que outras se desenvolvam. Porém, se cair um número maior de raios do que a floresta pode suportar, esse equilíbrio é rompido” .
O Brasil é o lugar do mundo onde os raios sempre caem no mesmo lugar mais de uma vez. Com 70 milhões de raios por ano, é o País mais atingido da Terra. Com as mudanças climáticas, esse número subirá para uma média de mais de 100 milhões de raios por ano até o fim do século, segundo os especialistas.
A força dos raios no País está registrada nos recordes oficiais da Organização Meteorológica Mundial (OMM), que reconheceu como o raio mais longo do mundo o que cobriu uma distância horizontal de 709 quilômetros, no Rio Grande do Sul, em 31 de outubro de 2018.
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