Mulheres indígenas buscam doações para manter associação cultural na pandemia

Natalina Martins, da etnia Baré, exibe colar de penas criado e produzido pelo grupo Kaxiri na Cuia (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Com grafismos indígenas feitos com tinta de jenipapo e urucum na pele e vestidas com saias de palha de tucum, as mulheres da associação cultural Kaxiri na Kuia dançam e exibem seus artesanatos sem demonstrar as dificuldades financeiras enfrentadas durante a pandemia da Covid-19. Moradoras do Parque das Tribos, o primeiro bairro indígena de Manaus, na zona Oeste, as artesãs e dançarinas se organizam para arrecadar doações e poder continuar criando as produções artísticas.

As 11 mulheres das etnias Piratapuia, Sateré-Mawé, Mura, Munduruku, Baré e Apurinã formam o grupo fundado em 2015 e não têm conseguido manter a produção ou a venda dos artesanatos devido às medidas de restrição determinadas contra o coronavírus. Sem as festas e eventos onde costumam comercializar os itens, e onde as danças tradicionais do grupo eram uma atração à parte, as indígenas buscam por doações para continuarem produzindo os colares, pulseiras, cintos e itens de decoração.

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A estudante do curso de técnica em enfermagem e coordenadora do Kaxiri na Kuia, Alcinéia Piratapuia, explicou à CENARIUM que o grupo, formado por estudantes, professoras e artesãs, tem feito divulgações tanto para mostrar o artesanato quanto para arrecadar ajuda financeira.

“A gente está tentando arrecadar fundos para investir em nossos artesanatos, comprar material, até mesmo divulgar nossa dança, nossa cultura. A maioria das nossas integrantes são artesãs, devido a tudo isso [a pandemia] deu uma parada e a gente não tem recursos para comprar material e investir no nosso artesanato. Aí por isso a divulgação, para arrecadar fundos e dar continuidade ao nosso trabalho, até mesmo na continuação das nossas danças”, disse Alcinéia.

Integrantes do grupo Kaxiri na Cuia mostram o artesanato criado no Parque das Tribos (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Kaxiri na Kuia

O Kaxiri na Kuia surgiu no dia 19 de abril de 2015, quando é comemorado o Dia do Índio. As mulheres de alguns grupos étnicos do Parque das Tribos criaram a dança do Kaxiri e assim surgiu o grupo de artes e dança, tendo as iniciais com a letra “K”, em alusão à bebida comemorativa indígena Caxiri.

O caxiri é uma bebida fermentada de teor alcoólico tradicionalmente produzida pelos povos indígenas na Amazônia e preparado exclusivamente por mulheres. É feito à base de mandioca com produção manual e preparada a fim de dar força para a realização de trabalhos grupais como rituais, caças, pescas ou plantios. O caxiri também oferecido como sinal de boas-vindas aos visitantes da comunidade.

Grupo Kaxiri na Kuia apresenta dança tradicional (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Como ajudar

O grupo Kaxiri na Kuia aceita doações tanto financeiras quanto materiais, como barbante, sementes, palha de tucum, cuias, entre outros. As doações podem ser feitas por meio do PIX 7252574687. Para mais informações, o contato é (92) 99173-4815.

Bolsa produzida pelo grupo Kaxiri na Kuia (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Parque das Tribos

O bairro Parque das Tribos abriga 700 famílias, sendo 80% indígenas de 35 etnias. A comunidade iniciou em 2014 e abriga indígenas de etnias como Apurinã, Baré, Mura, Kokama, Tikuna, Wanano, Sateré-Mawé e Tukano. 

O primeiro bairro indígena de Manaus atualmente enfrenta as dificuldades causadas pela pandemia do coronavírus. Os moradores da localidade foram atingidos pelo desemprego, pelo vírus e até mesmo com a perda do cacique Messias Kokama, vítima da doença.

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