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Mulheres ribeirinhas e indígenas buscam empoderamento para empreender na Amazônia
Empoderar para se libertar e tornar o universo social equânime e justo para todos, esse é o objetivo do curso ministrado pela FAS em parceria com a Americanas (Reprodução/Samara Souza - FAS)
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20 de novembro de 2020
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – Buscar as bases para realização profissional e ainda garantir independência pela via econômica, essa é a finalidade do curso ‘Empoderamento Feminino’, ministrado no fim de outubro, para mulheres moradoras da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro. O curso foi realizado pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e Americanas.
Curso potencializa o empreendedorismo entre as mulheres ribeirinhas e indígenas (Reprodução/Samara Souza – FAS)
O projeto reúne mulheres moradoras de comunidades ribeirinhas e indígenas e busca fazer um reposicionamento social frente a culturas onde o patriarcado tem papel histórico. Ao mesmo tempo, apresenta a perspectiva econômica como forma de garantir equidade social de gênero onde os direitos da mulher devem estar assegurados.
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De acordo com Natália Bessa, Auxiliar de Projetos Administrativos da FAS, a aproximação se dá pelo diálogo. “Chegamos nas comunidades propondo troca e diálogo, essas mulheres possuem uma sabedoria ancestral e precisam de um espaço seguro para compartilhar. Instigamos a discussão acerca de temas como violência de gênero e os papéis impostos à mulher na sociedade”, explicou.
Acolhimento
Ainda de acordo com Natália Bessa, a ideia é deixá-las a vontade, abrindo espaço para a conversa franca, depoimentos e histórias de vida de cada uma. “Sempre fazendo com que se sintam ouvidas e guiando a conversa para que entendam a importância do empoderamento. Quanto mais acolhimento e escuta, mais abertas elas ficam ao assunto!”, observou.
Estimuladas a falar sobre suas experiências, as comunitárias assistidas pelo curso da FAS, em parceria com a Americanas, contam suas histórias de vida (Reprodução/Samara Souza-FAS)
A partir do estímulo em ser ouvida, as mulheres das comunidades se sentem mais firmes para entender o empreendedorismo como ponto de partida para mudanças e ganhos. “Muitas descobrem no artesanato, por exemplo, muito além de um complemento de renda para a família, mas como uma oportunidade de ser cada vez mais independente”, destacou Natalia.
A membro da FAS chama atenção apara os ganhos. “Muitas das participantes do 1° curso de empoderamento feminino já participavam do Jirau da Amazônia, uma parceria com as lojas Americanas para vender a nível nacional os artesanatos produzidos nas comunidades. A FAS pauta suas ações na ODS da ONU, desta forma temos diversas ações voltadas para a geração de renda de forma sustentável”, pontuou.
Vidas amazônicas
“Casei cedo para sair de perto do marido da minha mãe que me maltratava, mas fui maltratada pelo meu marido também e resolvi deixar ele e comecei a trabalhar na roça, como criei meus filhos. Não é uma vida fácil, mas pra mim não tem trabalho ruim e faço o que precisa ser feito pra viver”, contou Rosinete Nonata da Silva, de 46 anos. Moradora da comunidade de Saracá.
Rosinete é uma das mulheres que fazem parte das ações das FAS/Americanas. “Comecei o artesanato pra distrair a cabeça e, às vezes, vendia umas peças, mas não dava tanto valor. Com o curso descobri que sempre fui empoderada, sempre lutei por mim e por meus filhos e sou uma mulher forte! Agora, me vejo além da roça, como artesã e empreendedora, fazendo minhas bolsas. Eu sei que posso ir longe”, comemorou.
Despertar vocações, consciência de gênero e apontar para um horizonte melhor do ponto de vista econômico, esse é o objetivo do curso promovido pela FAS em parceria com a Americanas (Reprodução/Samara Souza-FAS)
“Quando falamos em empoderamento feminino em comunidades tradicionais, não estamos falando somente de dar espaço para mulheres, mas de encorajá-las desde meninas a serem o que quiserem, empoderando-as a ter autoestima e repassar esse suporte a outras mulheres”, explicou Natália Ribeiro, líder do curso.
Além do artesanato, outras linhas podem se abrir para o empreendedorismo feminino. “O incentivo costuma ser por vocação local, algumas comunidades tem vocação para o turismo, outras para pesca ou agroecologia. Mas incentivamos acima de tudo que as mulheres ocupem todos os espaços, entendemos que não há limites para o que a mulher amazônica pode alcançar”, finalizou Natália Bessa.
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