Mulheres são maioria nos games, mas ainda encontram resistência em competições profissionais, diz pesquisa

Mesmo sendo maioria, as mulheres ainda encontram resistência no cenário dos jogos eletrônicos. (Arquivo pessoal/Reprodução)

Matheus Pereira – Da Revista Cenarium

MANAUS – A Pesquisa Game Brasil (PGB), divulgada nesta quinta-feira, 8, revela que a comunidade gamer do Brasil é dominada por mulheres. Com 51,5% do público de jogos eletrônicos do País, a preferência feminina está relacionada ao tamanho do mercado de smartphones e, apesar disso, as jogadoras ainda encontram resistência no cenário competitivo do ramo, tanto a nível amador quanto a nível profissional.

No levantamento também foi revelado que 72% dos brasileiros têm o costume de jogar jogos eletrônicos, independente da plataforma. Já a dominância feminina em jogos mostra ainda que a quantidade de jogadores é compatível com índices demográficos, equivalentes às características gerais da população do Brasil. Ou seja, a população é mais feminina, com grande hábito de jogar, confirmando esta tendência.

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Estatísticas de gamers no Brasil, publicada anualmente pela PGB. (Reprodução/PGB)

Resistência no meio competitivo

Outra conclusão da pesquisa é que o hábito de jogar games não tem relação diretamente com o sexo do jogador e há mercado e produtos para todos os perfis. Por isso, a atleta do Manaus FC E-Sports Aryana Gisely conta que começou a jogar Free Fire – jogo de tiro e sobrevivência disponível para dispositivos móveis mais popular do mundo – por diversão.

Após acompanhar as competições, Aryana se interessou pela dinâmica do jogo, resolveu começar a competir, mas teve dificuldades no meio competitivo do jogo. “No começo não tinham muitas mulheres com visibilidade no competitivo. Existia muito preconceito de que mulher não estava no nível dos homens e com o tempo fomos ganhando visibilidade mostrando o nosso potencial”, afirmou a jogadora.

Aryana Gisely é atleta do Manaus FC E-Sports há dois meses (Arquivo pessoal/Reprodução)

Com mais de dois anos de experiência no meio, Aryana destaca que ganhou visibilidade após disputar alguns campeonatos, mas que ainda precisa lidar com o preconceito relacionado ao sexo feminino. “Alguns dos campeonatos me deram uma boa visibilidade. Recentemente jogamos o Camplota e pretendo jogar a Liga NFA com minha line (equipe fixa) do Manaus. Sempre vai ter (resistência pelo fato de ser mulher), mas hoje em dia acontece menos. Com o cenário feminino crescendo, vamos ganhando nosso espaço aos poucos”, apontou.

Ascensão dos campeonatos femininos

Apesar da grande quantidade de jogadoras, os principais torneios de Free Fire não são voltados para o público feminino, que ainda tem um espaço restrito. Mesmo sem um torneio oficial da desenvolvedora do jogo, o público feminino tem conquistado lugar no cenário competitivo, por meio de campeonatos amadores, como a Liga das Estrelas e Liga NFA.

Relação das plataformas preferidas pelos jogadores brasileiros em 2021. (Reprodução/PGB)

Um deles, o maior campeonato não oficial de Free Fire, é a Liga NFA, que será mais extensa e passará por uma reformulação em 2021. Chegando à quinta edição, liga de NFA Feminina está marcada para acontecer em meados de junho.

Na competição, 12 times disputarão a Season, uma temporada do principal campeonato do cenário de emuladores do Free Fire. A Furia, uma das organizações de E-Sports do Brasil, também faz sucesso em outras modalidades, e disputa o campeonato com uma line-up (termo conhecido como time, no mundo dos games) 100% feminina.

Representante amazônico

O Manaus FC E-Sports, equipe de Aryana, já contou com times femininos de outros jogos além do Free Fire e de acordo com o diretor Johnatan, o clube desde o início do projeto dos jogos eletrônicos dentro do Manaus FC (clube de futebol profissional) já existia uma visão voltada ao apoio do cenário feminino.

Relação de frequência de uso das plataformas de jogos eletrônicos no Brasil. (Reprodução/PGB)

“Sabemos da importância de apoiar a comunidade que todo dia passa por preconceitos dentro dos games. Com a ajuda do Manaus FC e os patrocinadores, conseguimos dar o suporte necessário para manter e incentivar várias outras jogadoras a entrar no competitivo”, afirmou o diretor.

As equipes femininas de Call of Duty Mobile disputaram a fase de qualificação sul-americana do Mundial Feminino e foi vice-campeã, enquanto o time de Rainbow Six Siege participou do circuito feminino oficial da Ubisoft (desenvolvedora do jogo). Atualmente, a equipe de Free Fire participa dos principais eventos nacionais do game.

Leia o estudo completo

Edição: Carolina Givoni

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