Mundo mágico do filme ‘A Viagem de Chihiro’ completa 20 anos

Cena da animação japonesa "A Viagem de Chihiro", que em 2021 completa 20 anos (Reprodução/Studio Ghibli)

Com informações da Folhapress

SÃO PAULO – Chihiro tem dez anos e vai se mudar com a família para uma nova casa. A caminho do endereço, seus pais resolvem descer do carro para explorar um atalho. No passeio, encontram um vilarejo com cara de abandonado.

Ali, a vida de Chihiro vai mudar. Depois de devorarem tudo do único restaurante aberto, seus pais vão se transformar em porcos. E a menina vai acabar presa em um mundo paralelo, com espíritos que só aparecem ao anoitecer.

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Contando assim, a história parece terrível demais, mas este é o começo de um dos filmes mais conhecidos e adorados do mundo, e que, em 2021, completa 20 anos de lançamento: “A Viagem de Chihiro”. Ele foi escrito e dirigido por Hayao Miyazaki, que acaba de fazer 80 anos.

Ele criou, em Tóquio, o Studio Ghibli, que há 35 produz animações no Japão. Entre seus filmes mais famosos também estão “Meu Amigo Totoro” e “O Serviço de Entregas da Kiki”.

Cena da animação japonesa “A Viagem de Chihiro”, que em 2021 completa 20 anos (Reprodução/Studio Ghibli)

Oscar

Em 2003, “A Viagem de Chihiro” ganhou o Oscar de melhor animação, e se tornou o primeiro filme em outro idioma que não o inglês a conquistar este prêmio. Na época, também concorria o brasileiro “A Era do Gelo”, do codiretor Carlos Saldanha.

“Quando eu vi ‘A Viagem de Chihiro’ entendi que não tinha a menor chance, sabia que eles iam ganhar. Sou fã do filme e fã do Miyazaki, então perder foi um pouquinho de felicidade e um pouquinho de dor”, brinca Carlos.

Para ele, todo mundo que trabalha com animação é apaixonado por Miyazaki e pelas histórias que ele conta. “A criatividade dele não tem limites. Ele cria mundos incríveis, que ninguém nunca viu igual. É um toque de mágica de uma pessoa única”, explica.

Carlos Saldanha, que também é diretor da animação “Rio” (2011), lembra de outro ponto importante dos filmes de Miyazaki. “A protagonista é uma menina, e o feminino tem uma força muito grande nas histórias dele”, diz.

Outro mundo

Quando se vê presa no outro mundo, Chihiro se dispõe a trabalhar em uma casa de banhos termais que funciona ali, e é frequentada pelos espíritos da noite. No mundo real, estas casas são muito comuns no Japão há centenas de anos. Chamados originalmente de sentô, são usados por várias pessoas ao mesmo tempo.

Em “A Viagem de Chihiro”, a protagonista descobre que precisará enfrentar uma série de desafios para conseguir se libertar, e ainda ajudar seus pais a voltarem à forma humana.

A roteirista e ilustradora Janaina Tokitaka é neta de japoneses, e acha que já assistiu ‘A Viagem de Chihiro’ “quase 30 vezes”. Ela conta que essa jornada de Chihiro em busca de força e liberdade fica clara inclusive no jeito de o diretor do filme desenhá-la.

“Dá para ver no jeito como ela se mexe e controla seu corpo. No comecinho do filme, ela vive encolhida e encurvada, como uma criança pequena. No fim, está andando mais retinha, com mais segurança”, explica.

Criaturas

Janaina também entende muito de “yokais”, como são chamados os seres sobrenaturais nas histórias no Japão. Ela escreveu o livro “O Interruptor Debaixo da Escada” (WMF Martins Fontes), que também fala de uma menina que se muda com a família.

Ela acha os monstros de “A Viagem de Chihiro” terríveis, mas também tem carinho por eles. “Nunca sinto só ódio, nojo ou medo. Acho que eles são assustadores porque a gente nunca chega a entendê-los muito bem. É normal ter mais medo do que a gente desconhece”, diz.

Duas destas criaturas são bem importantes dentro do filme. O Deus do Rio chega à casa de banho apavorando todos os funcionários não só por causa da sua aparência esquisita, mas também por causa do seu fedor.

Favoritos

“Quando o vi pela primeira vez, achei nojento e repulsivo. Uma sensação parecida com a que tenho quando vejo restos de feira meio podres ou o ralinho sujo da pia”, lembra Janaina. Ela também comenta a aparição do Sem Rosto.

“Eu gosto muito desse personagem. Acho que, à primeira visão, eu senti a mesma coisa que a Chihiro sentiu: medo e pena. Achei que ele era alguém meio perdido, e ainda acho isso”, fala.

Para Janaina, “A Viagem de Chihiro” é o filme favorito de muitas pessoas porque sempre há alguma coisa nova para prestar atenção, a cada vez que se assiste. E, para ela, é legal que a protagonista siga em frente, mesmo sentindo medo e ficando em dúvida.

Mas tem uma coisa que Janaina confessa ser o que ela mais ama no filme. “É o jeito como as comidas são desenhadas, tudo parece ser uma delícia! Tenho muita vontade de comer aquele onigiri que a Chihiro come quando está triste”, brinca.

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