Municípios do AM têm a menor cobertura vacinal contra a Covid-19 entre cidades da Amazônia Legal

A aplicação das doses das vacinas é de responsabilidade das prefeituras municipais (Divulgação/FVS)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – O Amazonas é o Estado da Amazônia Legal com pior cobertura vacinal contra a Covid-19 entre os municípios. Das 62 cidades, 37 não vacinaram nem 50% do público-alvo com a primeira dose do imunizante. O número foi calculado a partir de levantamento feito no Vacinômetro Covid-19 da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) e confirmado pelo governador Wilson Lima (PSL) em uma live nessa sexta-feira, 28.

Esse número representa 59% do total de municípios e coloca o Estado em último lugar do ranking entre todas as unidades federativas da região, formada pelo Pará, Amapá, Rondônia, Roraima, Acre, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso.

O Maranhão, por exemplo, tem a maior quantidade de cidades. São 217 municípios, sendo apenas três com cobertura vacinal abaixo de 50%. Depois tem o Pará, com 144 cidades e somente 14 com a baixa cobertura vacinal. O Estado com menor número de municípios é Roraima, com 15 cidades e 5 com baixa cobertura vacinal. Os dados de Rondônia não foram disponibilizados.

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Veja o ranking:

No entanto, em relação ao montante de vacinas aplicadas comparado com o número de habitantes, o Amazonas divide o topo do ranking com o Mato Grosso. Levantamento feito pela CENARIUM mostrou que ambos tem 25% da população imunizada com as duas doses das vacinas e são seguidos do Maranhão e Tocantins, os dois com 24%; Roraima, com 22%; Rondônia, Acre e Amapá, com 21%, e Pará com 20% da população vacinada.

A comparação foi realizada a partir de dados disponibilizados no site do Ministério da Saúde (MS) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Força-tarefa

Também nessa sexta, o governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou que montou uma força-tarefa para enviar os municípios com cobertura vacinal abaixo de 50% e descobrir porque a vacinação nestas localidades está atrasada. Lima fez um apelo e ressaltou a necessidade dos prefeitos destas cidades agilizarem o processo de vacinação.

“De todas as vacinas que o Estado recebeu, 98% já foram repassados ao municípios do Estado. Há municípios em que há dificuldade para colocar essa dados no sistema, o que faz com que a gente tenha um percentual de vacinação baixo, e há dificuldade também de alguns municípios, junto com suas equipes de saúde, fazerem esse processo de vacinação. É por isso que equipes estão indo para o interior, uma força-tarefa, para fazer com que esses municípios tenham um aumento nesse percentual”, disse o governador.

As dificuldades pontuadas por Wilson Lima podem ser identificadas também pela não procura do público-alvo pelas doses da vacina. A jornalista Victória Amaral, de 23 anos, que faz parte do grupo prioritário por ser cardiopata, ainda não conseguiu se vacinar por ainda não possuir o laudo que comprove a comorbidade.

“Eu não me vacinei, pois meu laudo não tinha mais validade e o local de vacinação não aceitaria e eu teria que refazer todos os exames novamente, mesmo eu comprovando que eu tenho uma comorbidade por 23 anos. Infelizmente para refazer esses exames e ter um laudo aqui em Manaus é muito difícil. Eu estou pagando todos os custos para ter esse laudo e conseguir me vacinar. No total, acredito que eu já tenha pago uns 400 reais só com exames, fora as consultas com o médico”, contou ela.

Imunização geral

O Ministério da Saúde autorizou nessa sexta a imunização geral de pessoas de 18 a 59 anos sem comorbidades. Esse grupo poderá começar a ser imunizado de maneira escalonada e por faixas etárias decrescentes, desde que a vacinação dos grupos prioritários restantes seja mantida e cumprida, de acordo com a ordem estabelecida pelo Plano Nacional de Operacionalização (PNO) da Vacinação contra a Covid-19.

O anúncio do ministério criou mais expectativa entre a população que está fora do grupo prioritário. Se antes não havia previsão de quando esse público poderia começar a ser imunizado, agora, a espera é que não demore muito mais, como contou à CENARIUM a coordenadora de vendas Clara Vinente, de 29 anos.

“Espero que não demore muito para que eu seja vacinada. Acredito que vá acontecer logo, pois agora pelo menos existe um direcionamento favorável à imunização de pessoas sem comorbidades. Agora é esperar chegar o insumo, torcer para uma vacinação mais rápida desse público geral e a retomada das atividades. Lamento pelas pessoas que morrem em decorrência da omissão do governo, que prefere a negação à vida”, disse ela.

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