Na COP30, alemães rebatem fala de chanceler e exaltam acolhimento em Belém

BELÉM (PA) – Os alemães Léo Schäfer e Nika Zander, que participam da 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas (COP30), em Belém (PA), criticaram nesta quarta-feira, 19, as declarações do chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, que afirmou ter ficado aliviado ao deixar a capital paraense após visita oficial durante a Cúpula de Líderes, no início de novembro deste ano.

Os jovens, integrantes da Nature and Biodiversity Conservation Union Youth Germany (NABU), afirmaram que a fala do primeiro-ministro alemão não representa a postura dos alemães nem dos cidadãos do país que estão no Brasil para participar da conferência climática.

Para Léo Schäfer, as falas de Merz revelam uma postura distante da realidade vivida pelos jovens que participam da COP30. Ele destacou que sua delegação permaneceu mais tempo no Brasil, tendo visitado Manaus e permanecido em Belém desde antes da COP30. “Fomos muito bem-vindos por pessoas que nos ajudaram quando precisávamos. É uma cidade linda, com pessoas lindas, e nós adoramos estar aqui”, disse Léo.

Ele também contou que, entre os jovens da Alemanha, viralizou uma hashtag #NotMyChancellor (Não é meu Chanceler), usada para demonstrar insatisfação com a postura de Merz não apenas sobre o Brasil, mas também em questões internas do país. “Ele é o primeiro chanceler que não foi escolhido no primeiro voto, precisou de uma segunda corrida de votos, e isso diz muito sobre ele”, completou.

Já Nika Zander avaliou que a mensagem do chanceler foi inadequada e prejudicial. Para ela, a postura de Merz demonstra falta de estratégia diplomática e vai na contramão da necessidade de fortalecimento das relações entre países. “A mensagem do nosso chanceler foi horrível. É vergonhoso ter uma pessoa assim vindo a uma cidade para ser recebida aqui”, afirmou.

Zander destacou que declarações como a de Merz enfraquecem processos de cooperação em um evento cujo objetivo é justamente promover compromissos conjuntos. A jovem destacou que, diante da crise ambiental global, o papel dos líderes deveria ser o de aproximação, não o de criar tensões ou desrespeitar países anfitriões. “Com esse tipo de mensagem, estamos se movendo para trás e não para frente. Precisamos de uma boa cooperação internacional”, disse.

Tanto Schäfer quanto Zander ressaltaram que a juventude alemã está empenhada em fortalecer vínculos e aprender com os países, principalmente os amazônicos, ressaltando que as declarações do chanceler não refletem o posicionamento deles. Ambos afirmaram estar satisfeitos por participar das discussões no Brasil e defenderam que o enfrentamento da crise climática exige respeito mútuo, diálogo e responsabilidade compartilhada entre as nações.

Fala de chanceler

Em discurso durante o Congresso de Comércio Alemão, em 13 de novembro e disponível no Youtube, Merz faz elogios à Alemanha considerada por ele como um dos mais “livres” do mundo que precisa defender a democracia e o sistema econômico. No meio da fala, no entanto, o chanceler comparou a Alemanha e o Brasil. Veja vídeo:

“Minhas senhoras e senhores, vivemos num dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil, na semana passada, quem gostaria de ficar lá. Ninguém levantou a mão”, afirmou Merz na cerimônia e acrescentou: “Todos ficamos contentes por regressar à Alemanha, sobretudo daquele local onde estávamos, na noite de sexta-feira”.

O chanceler participou da Cúpula dos Líderes, que ocorreu nos dias 6 e 7 de novembro deste ano em Belém (PA), onde manteve encontro bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O evento antecipou a abertura da COP30, no último dia 10.

Editado por Jadson Lima