Na COP30, presidente do Ibama diz que crise climática exige ação conjunta de setores como o agro
Por: Fabyo Cruz e Marcela Leiros
10 de novembro de 2025
BELÉM (PA) E MANAUS (AM) – O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, destacou à CENARIUM, neste primeiro dia da COP30, a importância da presença de diferentes setores da sociedade, incluindo empresários e representantes do agronegócio, nas discussões sobre a crise climática. Segundo ele, as mudanças climáticas afetam a todos, e nenhum setor está imune aos seus impactos.
Ao tratar da urgência do problema, o presidente alertou que a quantidade de gás carbônico na atmosfera dobrou nos últimos 20 anos, acelerando os efeitos das mudanças climáticas. Ele citou o aumento dos eventos extremos, a ameaça à segurança alimentar, a perda de biodiversidade e a redução da disponibilidade de água, problemas que já afetam o Brasil, especialmente por ser um País agrícola.
“Nós temos, hoje, na nossa atmosfera o dobro de gás carbônico que tinha 20 anos atrás. Então, as mudanças climáticas estão acontecendo de uma forma muito rápida, os episódios extremos tendem a se agravar, nós poderemos ter fome, nós poderemos ter perda de biodiversidade, a gente já está tendo perda de disponibilidade hídrica em muitas regiões e o Brasil é um País agrícola“, disse.

Agostinho lembrou que o agronegócio depende diretamente do equilíbrio climático para garantir produtividade e segurança alimentar, e que, por isso, a adaptação da agricultura e das cidades é essencial diante do avanço do aquecimento global.
“Então, esse é um tema que para o Brasil é muito relevante. A gente vê a sociedade civil, o empresariado aqui reunido e, com certeza, é um tema prioritário para nós e que a gente precisa estar muito atento. Nós vamos ter que adaptar a nossa agricultura, adaptar as nossas cidades e, obviamente, fazer a redução dos gases de efeito estufa”, disse Agostinho.
COP30
Ao comentar sobre a realização da COP30 em Belém, o presidente ressaltou que o evento vai muito além da pauta amazônica. Segundo ele, a conferência será um espaço para discutir temas globais, como a redução das emissões de gases de efeito estufa, a diminuição do uso de combustíveis fósseis, a transição energética e o avanço tecnológico, sem deixar de chamar a atenção do mundo para a proteção das florestas tropicais e da biodiversidade.
“Não é uma COP sobre a Amazônia, é uma COP realizada na Amazônia, aqui vão ser discutidos temas globais, redução das emissões de gases de efeito estufa, redução do consumo dos combustíveis fósseis, transição energética, tecnologias, mas sem sombra de dúvida a gente vai poder chamar a atenção do mundo para a proteção das florestas tropicais, da biodiversidade“, disse Agostinho.

O presidente destacou que, embora o debate ambiental não se limite às florestas, não há solução possível para a crise climática sem elas. Ele defendeu que o tema florestal precisa ganhar mais espaço nas negociações internacionais e que o mundo deve agir com sensibilidade diante da importância das florestas tropicais para o equilíbrio climático.
“Se a gente pensar só no ambiente florestal, a gente não resolve o problema. Agora, sem as florestas, é impossível resolver o problema. Então, com certeza, isso cria um debate especial. A gente espera que o mundo tenha sensibilidade com o tema florestal e que a gente consiga colocar isso na agenda dos diferentes países“, acrescentou.
Conferência começa em Belém
A partir desta segunda-feira, 10, Belém se torna a capital temporária do Brasil e, sobretudo, o centro das negociações globais sobre mitigação e adaptação às mudanças climáticas, além dos investimentos necessários para viabilizar essas ações. A 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) segue até 21 de novembro.
Realizada pela primeira vez na Amazônia, bioma com a maior biodiversidade do planeta e essencial para a regulação do clima global, a COP30 carrega o desafio de recolocar a crise climática no centro das prioridades internacionais.
Segundo informações da presidência da conferência, delegações de 194 países e da União Europeia (UE) confirmaram participação. A capital paraense deve receber mais de 50 mil visitantes, entre negociadores diplomáticos, cientistas, representantes de governos, organizações da sociedade civil e movimentos sociais.
