Na ONU, liderança indígena denuncia violações de direitos na Amazônia


Por: Fabyo Cruz

22 de abril de 2025
Na ONU, liderança indígena denuncia violações de direitos na Amazônia
Alessandra Munduruku discursa no Fórum da ONU (Reprodução/Instagram @alessandra_korap)

BELÉM (PA) – Durante a segunda sessão do Fórum Permanente da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Questões Indígenas, realizada na segunda-feira, 21, em Nova York, a liderança indígena Alessandra Korap Munduruku fez um pronunciamento denunciando a presença de empresas, bancos e atividades ilegais nas terras do povo Munduruku, no Pará.

“Poluem nossas águas, destroem a mata, nos ameaçam de morte e praticam violências”, declarou a ativista, interrompida pouco antes de concluir sua fala por razões protocolares.

O pronunciamento ocorreu em uma tarde dedicada ao protagonismo das mulheres indígenas nas lutas de seus povos. Alessandra se uniu a lideranças femininas de diversas partes do mundo para dar visibilidade às violências enfrentadas em seus territórios e à resistência organizada por suas comunidades.

Antes de viajar aos Estados Unidos, Alessandra esteve com seu povo em um bloqueio na BR-230, iniciado no dia 25 de março, em protesto contra a Lei 14.701/2023, conhecida como Lei do Marco Temporal. A legislação, considerada inconstitucional por organizações indígenas e de direitos humanos, abre caminho para a exploração de terras indígenas sem a realização de consultas prévias às comunidades afetadas.

Após duas semanas de bloqueio na rodovia, uma comitiva, que também integrava cerca de 100 lideranças Guarani Kaiowá, foi recebida pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), onde entregraram um carta oficial exigindo o fim da Mesa de Conciliação e a revogação da legislação.

Fórum da ONU

A presença de Alessandra Korap no evento integra o Programa de Trabalho do Fórum, que nesta 24ª edição reúne lideranças indígenas de toda a América Latina, como Ninawa Huni Kui e Julio Cusurichi Palácios, além de representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam). Ao longo das próximas semanas, até o dia 2 de maio, os participantes estarão envolvidos em pronunciamentos públicos, diálogos bilaterais e articulações com organismos internacionais.

Registro da abertura do Fórum Permanente da ONU sobre questões indígenas, em 25 de abril de 2022. Foto: UN DESA/Predrag Vasić

O tema central da sessão deste ano é a implementação da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas (UNDRIP) nos Estados-Membros da ONU e dentro do próprio sistema das Nações Unidas, com foco na identificação de boas práticas e nos desafios enfrentados. O Fórum Permanente é um dos três mecanismos das Nações Unidas dedicados exclusivamente às questões indígenas.

Leia mais: Contra Marco Temporal, indígenas Munduruku fecham rodovia no Pará
Editado por Adrisa De Góes

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