Na sede da Funai, lideranças indígenas são reprimidas com bombas de efeito moral e spray de pimenta

Parlaíndio é espaço aberto para fortalecer movimento dos Povos Originários (Reprodução/Mídia Ninja)

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

BRASÍLIA – Lideranças indígenas que protestavam em frente à sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, nesta quarta-feira, 16, foram reprimidas pela Polícia Militar do Distrito Federal com bombas de efeito moral e spray de pimenta. O movimento, nomeado de “Levante pela Terra”, tinha como intuito pedir a retirada do Projeto de Lei que ameaça alterar regras voltadas a demarcações de terras indígenas e para pedirem a renúncia do atual presidente do órgão e delegado federal, Marcelo Teixeira.

Mais de 30 representantes dos povos indígenas, apoiados pela  Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) participavam da movimentação, na espera de serem atendidos pelo próprio presidente da Funai, o que não aconteceu. Em imagens e lives transmitidas em várias redes sociais que acompanhavam a movimentação, foi possível ver os indígenas sendo recebidos pela polícia militar com balas de borrachas e bombas de gás para dispersar quem estava presente.

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Após o ato de violência e repreensão da polícia contra os manifestantes dos povos originários, as mulheres tomaram a frente do movimento e cerca de 7 líderes indígenas tentavam (até o fechamento desta matéria) um contato com o presidente Jair Bolsonaro.

Polícia militar joga bomba de gás lacrimogêneo em direção aos manifestantes (Reprodução/ Twitter Sônia Guajajara)

Reivindicações

Dentre as pontuações feitas pelos indígenas durante a manifestação, é de que o atual presidente da Funai, Marcelo Teixeira, teria colaborado para transformar o órgão em uma instituição anti-indígena e a favor do garimpo, madeireiros e agronegócios, deixando de cumprir o papel de proteger e cuidar dos direitos dos povos indígenas, transformando o órgão em uma delegacia política que persegue lideranças.

Outra reivindicação seria a expulsão de garimpeiros, madeireiros e todos os invasores de territórios indígenas. “Cadê as autoridades para atacar dessa forma os ruralistas, grileiros e garimpeiros? Só nos atacam, esse homem que está à frente desse órgão só negocia nossas vidas. Não nos calaremos”, declararam as líderes reunidas em live no perfil da também líder indígena, Sônia Guajajara, e coordenadora-executiva da Apib.

A líder indígena Alessandra Korap, vice-coordenadora da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), critica a omissão da Funai em relação aos ataques sofridos pelo indígenas Mundurukus pelos garimpeiros ilegais.

“Estamos contaminados pelo mineração e não somos só nós não, a cidade também comendo peixe e bebendo água suja. Não estamos aqui brincando não, pedimos socorro, respeitem nossos direitos e avante pela terra e continuaremos resistindo para defender o nosso território”, declarou a líder.

Vídeo postado pela página oficial do Mídia Ninja na rede social Instagram (Reprodução/ Mídia Ninja)

PL 490

O Projeto de Lei 490/2007 foi elaborado pela bancada ruralista, que basicamente tem com intuito que as demarcações de terras indígenas sejam realizadas por meio de lei. Como se não bastasse o projeto, também propõe acesso das terras para a prática do garimpo.

O PL 490, já passou por duas comissões no Congresso e agora está com a Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa (CCJ). “Dizemos não a PL490, se esta PL for aprovada, estarão decretando o genocídio indígena”, disse Guajajara.

*Até a publicação desta matéria, o manifesto em frente à Funai permanecia.

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