‘Não é preciso desligar as máquinas’, diz Lula ao defender transição energética na Cúpula de Líderes
Por: Fabyo Cruz
07 de novembro de 2025
BELÉM (PA) – Durante o segundo e último dia da Cúpula de Líderes da COP30, nesta sexta-feira, 7, em Belém (PA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “não é preciso desligar as máquinas” para enfrentar a crise climática. Ao defender uma transição energética segura e justa, Lula destacou que o Brasil é referência mundial em fontes limpas e que as decisões tomadas agora serão decisivas para o futuro do planeta.
Em discurso sobre transição energética, o presidente ressaltou o avanço das energias renováveis no mundo e o papel do Brasil na liderança da produção sustentável. Lula também defendeu o uso da ciência e da tecnologia para garantir o desenvolvimento econômico aliado à preservação ambiental.
“Essa transformação já está em curso. O uso de renováveis triplicou nos últimos dez anos. No primeiro semestre de 2025, a energia renovável se tornou a maior fonte individual de geração de eletricidade no mundo, ultrapassando o carvão”, disse.

Lula lembrou que o Brasil tem 90% de sua matriz elétrica proveniente de fontes limpas e ressaltou o pioneirismo do País no uso de biocombustíveis e motores flex. Ele citou que a gasolina brasileira contém 30% de etanol e o diesel, 15% de biodiesel, destacando o etanol como alternativa imediata para reduzir emissões em setores como transporte e indústria.
O presidente também defendeu que países em desenvolvimento participem de todas as etapas da cadeia global de produção de energia limpa, incluindo a exploração de minerais críticos usados em baterias e painéis solares. “É impossível discutir transição energética sem falar de justiça social e econômica. Os países do Sul Global precisam ter acesso à tecnologia e ao financiamento”, afirmou.
Lula criticou os incentivos financeiros ao setor de combustíveis fósseis, citando que, em 2024, o mundo registrou o maior nível de emissões de carbono do setor energético desde 1957. Ele mencionou que os 65 maiores bancos globais prometeram mais de US$ 860 bilhões em financiamento ao petróleo e gás no último ano.
O presidente alertou ainda que o aumento de gastos militares em detrimento das ações climáticas “pavimenta o caminho para o apocalipse climático” e defendeu medidas para erradicar a pobreza energética, que ainda afeta 2 bilhões de pessoas no mundo, sem acesso a combustíveis adequados para cozinhar, e 200 milhões de crianças em escolas sem eletricidade.

Como proposta, Lula sugeriu a criação de mecanismos de troca de dívida por financiamento climático e afirmou que o Brasil vai estabelecer um fundo nacional para financiar ações de enfrentamento à mudança do clima e promover justiça climática.
Ao encerrar o discurso, o presidente destacou três compromissos centrais: implementar o Acordo de Dubai para triplicar a geração de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030; colocar o combate à pobreza energética no centro das políticas climáticas; e aderir ao Compromisso de Belém, que busca quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035.
“Os cientistas já cumpriram seu papel. Cabe agora aos líderes decidir se o século XXI será lembrado como o século da catástrofe climática ou como o momento da reconstrução inteligente”, concluiu Lula.
A sessão sobre transição energética aconteceu horas depois do tradicional registro da “foto de família”, que reuniu chefes de Estado e representantes de mais de 70 países na Zona Azul da Cúpula. O encontro marcou o encerramento da programação preparatória para a COP30, que será realizada também em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro.
