‘Não é questão de estar atrasado, é questão de começar’, diz Marcos Pontes sobre editais para desenvolvimento da Amazônia

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, participa da abertura oficial da 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (Arthur Castro/ Secom)

Gabriel Abreu e Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS — O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marcos Pontes, lançou, nesta sexta-feira, 4, em Manaus, dois editais na área da Bioeconomia e da Transformação Digital na Amazônia, cujo objetivo é promover o crescimento econômico e social sustentável da população que vive na Amazônia brasileira.

O lançamento ocorre no momento em que os dados de alerta de desmatamento na Amazônia Legal, em janeiro, foram os maiores já registrados para o mês desde o começo da série histórica, segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foi 360 km² no mês passado, conforme medições do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter).

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Ao ser questionado sobre os investimentos tardios na região, já que a Ciência e a Tecnologia podem auxiliar no combate ao desmatamento na Amazônia, o ministro Marcos Pontes disse haver sim, por parte do governo federal, recursos sendo enviados para os sete Estados do Norte.

“Os investimentos têm sido feito. Ande um pouco mais com o Exército brasileiro que você vai ver que normalmente tem um desenvolvimento muito grande nesse setor. Esses desmatamentos, eles acontecem em áreas específicas, que se você acompanhar os dados do Inpe apontam que preciso ser feito um trabalho só. Então, não é uma questão de estar atrasado, mas a questão é de começar e fazer efetivamente é isso que a gente tem feito”, salientou o ministro.

Ministro Marcos Pontes em visita ao Amazonas — (Foto: Patrick Marques/G1)

Editais

A chamada pública irá destinar R$ 30 milhões de recursos de Subvenção Econômica para projetos de Inovação nos temas títulos – Bioeconomia e Transformação Digital – a serem desenvolvidos por empresas sediadas na região Norte, que compreende os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

São elegíveis empresas de todos os portes. Embora as Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) somente possam integrar projetos como prestadoras de serviços para as proponentes ou coexecutoras, sua participação é um dado favorável na avaliação das propostas.

O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), lembrou que esse é o caminho certo para que o governo federal, Estados e municípios se unam para desenvolver a região que possui recursos importantes para desenvolvimento da Amazônia.

“Um caminho que é importante e que a gente tem trabalhado para que efetivamente isso aconteça é a união entre esses ativos ambientais que a gente tem com a indústria. Esses recursos são geridos diretamente pelo governo federal, pelo Ministério de Tecnologia por meio do Sinep. Os interessados vão escrever os projetos nessas áreas ofertadas pelo Ministério”, destacou o governador.

Duas rodadas

O Programa Finep/MCTI Amazônia, como o edital está sendo chamado, será executado em duas rodadas, como estratégia para ampliar a oportunidade das empresas estruturarem seus projetos. A primeira iniciou na terça-feira, 2, com valor de R$ 15 milhões e terá prazo para recebimento de propostas até 18 de março. A segunda rodada, de igual soma de recursos, recebe inscrições de 8 a 29 de julho.

Segundo o diretor de Inovação da Finep, Otávio Augusto Burgardt, “com o lançamento do Programa Finep/MCTI Amazônia avançamos na integração do Sistema Nacional de Inovação e na redução de assimetrias regionais. O apoio a projetos nos temas Bioeconomia e Transformação Digital tem a capacidade de promover um crescimento econômico e social sustentável para a população que vive na Amazônia brasileira”, detalhou o diretor.

Temas

Sob o tema Bioeconomia, o edital busca projetos com base na utilização inovadora e sustentável de recursos naturais para a criação de produtos, processos e serviços em áreas como saúde humana e animal, agricultura, pecuária, processos industriais, cosméticos, química, energia e biotecnologia, entre outros. Sua aplicação pode abranger desde o melhoramento da produção agrícola até o desenvolvimento de fármacos e fitoterápicos, biomateriais, perfumaria etc.

Em Transformação Digital, a seleção terá como foco projetos de inovação que utilizem ao menos uma das Tecnologias Habilitadoras — conjunto das principais tecnologias envolvidas no processo de digitalização das empresas. Exemplos disso são Big Data e Analytics, robôs autônomos, Internet das Coisas, realidade aumentada, computação em nuvem etc.

Os produtos da Transformação Digital podem ser aplicados em áreas como Educação, apresentando novas soluções para práticas de ensino, por exemplo. Em Saúde, no aprimoramento e migração dos serviços de cuidados em massa para aqueles personalizados, otimizando custos e no Saneamento Básico, no aumento da eficiência e qualidade dos serviços e instalações de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, entre outros exemplos.

Seleção

A seleção dos temas da chamada foi produto de um trabalho prévio de identificação de lacunas e de potenciais nas empresas da região. Como explica Rodrigo da Silva de Lima, gerente do Departamento Regional do Norte e coordenador da elaboração do edital, “esse programa foi resultado da articulação da Finep com importantes atores locais e consolida a atuação do escritório regional como instrumento da empresa na articulação de políticas públicas de Inovação com foco específico nas singularidades e competências únicas, encontradas na Amazônia”.

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