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‘Não há o que celebrar’: entidades repudiam ação que vitimou homem negro em supermercado
(Getty Images/V. Moryana)
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20 de novembro de 2020
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium
MANAUS – “Infelizmente este dia não será festivo. Não há o que celebrar, mas muito para refletir para seguirmos na luta”. Esse é o desabafo da presidente da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AM), Ana Carolina Amaral, sobre o episódio de violência contra um homem negro ocorrido na cidade de Porto Alegre, às vésperas da celebração da Consciência Negra.
Ana Carolina classifica as agressões sofridas por João Freitas como “imperdoáveis” e também afirma que o episódio mostra a crueldade das abordagens feitas pelas equipes de segurança a pessoas negras. “Não avançamos na luta antirracista, isso é perceptível pela forma que normalizamos esse tipo de conduta e a certeza da impunidade dessas pessoas”, comentou inicialmente.
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“O vídeo é muito forte, são imagens que retratam a violência sistêmica que ocorre cotidianamente no nosso país. A violência estrutural, a falta de oportunidade, uma violência que ceifa a vida de nossos jovens negros. A cada minuto um jovem negro é assassinado de forma violenta no Brasil. Então, eu acho que a reflexão deve ser voltada sobre como podemos combater a violência policial contra pessoas negras”, reforçou.
Privilégios sociais
A Promotora de Justiça do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), Karla Cristina Souza, declara por meio de um vídeo, detalhes do testemunho pessoal sobre o Dia da Consciência Negra. “Mesmo como promotora de justiça já passei por situações difíceis. Já fui questionada se aquele era meu lugar ou se deveria estar ali, simplesmente por conta da minha cor ou do meu cabelo”, comentou.
“Você que não é negro, gostaria de alertar que você lesse mais e entendesse mais sobre os privilégios decorrentes da cor da sua pele. E para você que é negro, deixo essa mensagem para que você busque mais conhecimento e da memória dos afrodescendentes, principalmente no Brasil vamos conseguir usufruir de uma sociedade que realmente trate todos com igualdade”, explicou Karla.
Educação como alternativa
O único negro eleito para a Câmara Municipal de Manaus (CMM) nas eleições deste ano, Ivo Neto (Patriota), afirma que para evitar situações como esta, é necessário utilizar a educação como alternativa à violência e ao racismo.
“É muito triste ver fatos como esse ocorrerem, principalmente na véspera do dia instituído justamente para conscientizar a sociedade brasileira de que o negro deve ser respeitado. Como único parlamentar negro eleito na CMM, me sinto na obrigação de lutar pela causa e de contribuir para a melhoria da educação em nossa cidade, pois creio que por meio dela poderemos minimizar males como o do racismo e do preconceito”, detalhou.
Entenda o Caso
A violência aconteceu na véspera do dia da Consciência Negra no Brasil, na noite de quinta-feira,19, no Rio Grande do Sul e ganhou repercussão nacional pela crueldade e frieza dos seguranças de uma rede de supermercados. Nas imagens que circulam nas redes sociais desde o final da noite, mostram João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos sendo agredido.
Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tentou reanimar o homem depois que ele foi espancado, mas ele morreu no local. O crime está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre.
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