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‘Não podemos proibir que a população pare de comer peixe’, diz FVS-RCP sobre doença da ‘urina preta’, no AM
As inscrições seguem abertas até 31 de outubro (Ricardo Oliveira/CENARIUM)
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30 de agosto de 2021
Suzy Figueiredo – Da Cenarium
MANAUS (AM) – Mais sete casos de rabdomiólise, conhecida como síndrome da urina preta, foram registrados no Amazonas, neste domingo, 29. Cinco casos em Itacoatiara, um em Manaus e um em Autazes. Ao todo, são 33 casos da síndrome notificados no Estado, conforme informações da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP), que ressaltou que 14 pacientes estão internados e outros 14 que estavam internados em Itacoatiara receberam alta.
O surto epidemiológico continua sob investigação da FVS, que adverte os profissionais de saúde para que estejam em alerta com a finalidade de fazer o manejo clínico apropriado dos pacientes que contraíram a doença. Sobre a orientação quanto ao consumo do pescado, a FVS afirmou que não pode interferir.
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“Em relação à ingestão de peixes, nós não podemos proibir que a população pare de comer peixe, uma vez que é o alimento principal do amazonense”, informou a coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS/FVS-RCP), Liane Souza. Ainda de acordo com a coordenadora, 29 casos ocorreram em Itacoatiara, dos quais um veio a óbito, no dia 28 de agosto de 2021; dois em Manaus; um em Autazes e um em Caapiranga.
Surto epidemiológico continua sob investigação da FVS (Ricardo Oliveira/CENARIUM)
Diversidade de preferências
O alimento mais apreciado pelo manauara é sem dúvida o pescado, mas cada um tem sua opinião, ou melhor, preferência. Para o auxiliar administrativo Bruno Almeida, 33, que ainda desconhece a doença, o peixe está em primeiro lugar quando se trata de alimentação saudável. “Não conheço muito sobre a doença. Vou continuar comendo, inclusive, almocei hoje”.
O estagiário Jandson Jamel é outro consumidor de peixe que pouco sabe a respeito da doença, entretanto, permanece gostando da opção de alimento. “Para mim, a doença não é muito conhecida. Sei apenas que a pessoa passa a urinar na cor escura devido a uma contaminação na carne do peixe. Me sinto seguro. Hoje mesmo comi um pacu frito”, disse.
Para o empresário Valney Andrade, 33, o caso preocupa os consumistas. “Pra mim é preocupante principalmente para nossa região que consome muito peixe. Nem gosto de peixe. Logo, não compro”. Dieine Vinhort, 27, sente-se insegura com a probabilidade da contaminação. “Na verdade, isso é preocupante, até porque não sabemos qual peixe está contaminado, e soube que uma pessoa morreu por causa dessa doença. Então, não me sinto segura para comprar peixe”, disse a estudante de Direito.
Sobre a doença
Segundo a doutora em Biotecnologia Cynara Bezerra, existem vários trabalhos publicados sobre a doença, porém, devido os recentes surtos, ela está reunindo informações para uma futura publicação sobre o tema. “Já existem vários trabalhos publicados sobre a doença de Haff [comumente chamada de Doença da Urina Preta], algumas publicações são recentes e outras datam do início dos anos 1900. Recentemente, porém, devido aos surtos ocorridos tanto no Nordeste quanto na Região Norte, os trabalhos voltaram a ser publicados. Eu, particularmente estou realizando um levantamento na Região do Baixo Amazonas, coletando dados para uma futura publicação”, contou.
Bezerra explica que a doença ocorre devido às toxinas presentes no peixe, mas que a maneira de armazenamento e a ação humana também contribuem para a contaminação. A biotecnóloga afirma ainda que a toxina não é eliminada com o cozimento do alimento, o que aumenta o risco.
“A doença é causada por toxinas presentes em peixes e crustáceos (no nosso caso, crustáceos de água doce) que devem ser acondicionados de forma correta, tanto na questão da temperatura quanto na higiene dos reservatórios, o que muitas vezes não ocorre, então, uma das causas é o mau acondicionamento do pescado, consequentemente proveniente da ação humana também. A toxina não é eliminada com o cozimento, portanto, mesmo que a pessoa consuma o peixe cozido ela não estará livre da doença”, detalhou.
Para Cynara, o aumento do número de casos deve-se ao surto, mas não se pode relacionar uma infecção intestinal à doença. “O paciente precisa ser avaliado e tratado imediatamente para não ter o comprometimento de órgãos, principalmente os rins, porém, não se pode afirmar que é a doença de Haff até que seja devidamente comprovado. Surgirão muitos casos que serão apenas infecção. Temos que ter cuidado para não causar pânico na população, a doença é tratável e a população deve manter os cuidados de higiene necessários no consumo destes alimentos, como sempre tem que ser”, alertou.
Em 2009, houve um surto em Manaus após a ingestão do peixe pacu-manteiga. “Existem vários trabalhos publicados sobre esta doença, inclusive sobre um surto ocorrido em Manaus no ano de 2009, devido à ingestão do pacu-manteiga, foram vários casos na época. Na Bahia, os surtos também ocorreram em 2016 e 2017 e voltaram em 2020 e agora 2021”.
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