‘Não vejo remorso neles’, afirma prima de Djidja sobre familiares em audiência de instrução
04 de setembro de 2024

Carol Veras – Cenarium
MANAUS (AM) – Na audiência de instrução dos 10 indiciados por envolvimento no tráfico de drogas do que ficou conhecido como “Caso Djidja”, a prima da empresária, Erika Cardoso, relatou não ver remorso nos familiares Cleusimar Cardoso e Ademar Cardoso. A audiência foi presidida pelo juiz de direito Celso Souza de Paula e começou às 9h desta quarta, 4. O promotor de Justiça André Virgílio Belota Seffair representou o Ministério Público (MP).
“É bem dificil falar sobre eles. Eu não vejo arrependimento neles e isso me machuca muito. Eu estou vendo [eles] como viciados e não como doentes, pois eles têm consciência do que eles estão fazendo”, afirmou Erika Cardoso ao Ministério Público.
Com o fim da investigação caso, Cleusimar e Ademar, mãe e irmão da ex-integrante do Boi Garantido, respectivamente, e outras oito pessoas foram indiciadas por tortura com resultado de morte, tráfico de drogas e outros 12 crimes, afirmou a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM).
Na audiência, a sobrinha de Cleusimar também citou o ex-namorado de Djidja, Bruno Roberto Lima, como o motivo da busca da prima por um corpo dentro dos padrões de beleza, o que levou a vítima ao uso de anabolizantes.
“O Bruno, para mim, era uma chave principal. Ele tinha um grande peso em saber que a Djidja era completamente apaixonada, ele podia ter tido outra conduta. A questão de beleza e corpo perfeito partiu dele“, comenta a familiar. “Próximo à morte da Djidja, o Bruno não aparecia […]. Após a morte da minha avó, ele bloqueou a gente nas redes sociais”, completa a prima à defesa. Além de Erika, outra sobrinha de Cleusimar, Paloma Novo, também depôs contra a família.
A familiar afirmou que os Cardoso interromperam o tratamento da Djidja contra os problemas psicológicos que enfrentava. “Ela [Cleusimar] ofereceu cura pra minha avó e ofereceu para a Djidja”, afirmou Paloma Novo. De acordo com ela, após a morte da avó, Maria Venina de Jesus Cardoso, de 82 anos, a tia fazia uso de entorpecentes para entrar em contato com a falecida mãe. “Quando ela viu a vovó morta, disse que ela precisava fazer a passagem. Ela usava a droga para atingir tudo que ela acreditava”, descreveu.

Relembre o caso
A investigação teve duas operações, que resultaram nas prisões de 10 pessoas. Na primeira fase, os mandados de busca e apreensão autorizados pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) foram cumpridos em residências da família Cardoso, em unidades do Belle Femme, além de clínicas veterinárias como a MaxVet, localizada no bairro Redenção, Zona Oeste de Manaus. O estabelecimento fornecia cetamina a integrantes da família Cardoso, segundo as apurações.
Dois dias após a morte da ex-item do Garantido, em 30 de maio, a CENARIUM revelou cinco mandados de prisão e de busca e apreensão contra familiares de Djidja e funcionários do salão Belle Feme. O irmão e a mãe de Djidja Cardoso, Ademar Cardoso e Cleusimar Cardoso, respectivamente, foram presos tentando fugir da polícia. Também havia determinação para prender os funcionários do Belle Femme identificados como Verônica da Costa Seixas, Claudiele Santos e Marlisson Dantas.
Em 7 de junho, a PC-AM deflagrou a segunda fase da operação, cumprindo mandados de prisão contra o ex-namorado de Djidja Cardoso, Bruno Roberto Lima, o ex-fisiculturista Hatus Silveira e dois funcionários de estabelecimento que fornecia drogas ao grupo investigado. O veterinário José Máximo, dono da clínica veterinária MaxVet e responsável por outros estabelecimentos, também foi preso.
Veja os nomes dos indiciados:
- Ademar Cardoso, irmão de Djidja Cardoso;
- Cleusimar Cardoso, mãe de Djidja Cardoso;
- Verônica da Costa Seixas, gerente do Belle Femme;
- Marlisson Vasconcelos Dantas, cabeleireiro e maquiador;
- Claudiele Santos da Silva, maquiadora do salão de beleza;
- Bruno Roberto Lima, ex-namorado de Djidja;
- Hatus Silveira, ex-fisiculturista;
- José Máximo, dono da clínica veterinária MaxVet e responsável por outros estabelecimentos;
- Savio Pereira, funcionário da clínica MaxVet;
- Emicley Araújo, funcionário da clínica MaxVet;
- Pessoa ainda não identificada pela polícia.