‘Não vou a médico preto’, diz mulher a arquiteto durante evento em São Paulo
Por: Mari Furtado
27 de julho de 2025
MANAUS (AM) – O arquiteto paulista Gabriel Rosa denunciou, nas redes sociais, um caso de racismo durante a Casacor São Paulo, na sexta-feira, 25, quando uma mulher presente no local fez declarações preconceituosas, registradas em vídeo pelo profissional. Na gravação, a mulher afirma que não vai a médicos negros porque, segundo ela, eles são aprovados na faculdade mesmo tirando notas baixas, pois não aceitam ser reprovados.
“Eu não vou mais a médico preto. Por quê? Lá na UnB, por exemplo. Eu morei em Brasília por anos, ainda tenho casa lá. Eu conheço professores de Medicina que, se eles derem nota baixa para um preto, que tirou nota baixa, que não estudou, o preto processa o professor”, disse a mulher, que não teve a identidade revelada.
No vídeo, a mulher também cita pessoas com deficiência e cotas. “Então, nenhum professor dá nota baixa. Aí o que fazem? As pessoas de cor e as de cadeira de rodas, todas as cotas, os professores dão nota. Como eu vou me consultar com um médico que passou voando na faculdade de Medicina?“, completou.
A Polícia Militar foi acionada e um boletim de ocorrência foi registrado com a presença da mulher. O caso será investigado como injúria racial. Em nota, a organização da Casacor classificou o episódio como inaceitável e criminoso, e afirmou que declarações desse tipo “não têm lugar em nossos ambientes”. A empresa também prestou apoio imediato ao arquiteto.

Nas redes sociais, o arquiteto Gabriel Rosa afirmou que tomou todas as medidas cabíveis e reforçou que não permaneceu em silêncio diante da situação. “Não me mantive calado. Não poderia, e não deveria, deixar passar tamanha demonstração de preconceito e injúria racial”, escreveu. “Registrei boletim de ocorrência com a presença da autora. Todas as medidas cabíveis serão tomadas.”
Injúria racial
A injúria racial é a ofensa a alguém, um indivíduo, em razão da raça, cor, etnia ou origem. E o racismo é quando uma discriminação atinge toda uma coletividade ao, por exemplo, impedir que uma pessoa negra assuma uma função, emprego ou entre em um estabelecimento por causa da cor da pele.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou sem vetos, em 2023, a Lei 14.532/23, que aumentou a pena para a injúria relacionada a raça, cor, etnia ou procedência nacional. Com a norma, esse tipo de injúria pode ser punida com reclusão de 2 a 5 anos e a pena poderá ser dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas. Antes, a pena era de 1 a 3 anos.
Além disso, a nova lei estabeleceu que terão as penas aumentadas de 1/3 até a metade quando a injúria ocorrer em contexto ou com intuito de descontração, diversão ou recreação. O autor pode ser proibido de frequentar, por 3 anos, locais destinados a práticas esportivas, artísticas ou culturais destinadas ao público, conforme o caso.