‘Necessária e urgente’, diz indígena sobre desintrusão da TI Munduruku


Por: Fabyo Cruz

09 de novembro de 2024
‘Necessária e urgente’, diz indígena sobre desintrusão da TI Munduruku
Área de garimpo na Terra Indígena Munduruku, no Pará, em 2017 (Reprodução/Ibama)

BELÉM (PA) – Lideranças indígenas estão esperançosas com a operação do governo federal para desintrusão da Terra Indígena Munduruku (Timu), localizada nos municípios de Jacareacanga e Itaituba, no Pará. A ação, coordenada pela Casa Civil e prevista para este sábado, 9, busca retirar invasores que promovem o garimpo e o desmatamento ilegais, ameaçando os recursos e a cultura dos povos Munduruku, Isolados do Alto Tapajós e Apiaká.

Para a presidente da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa), Concita Sompré, da etnia Gavião Kyikatêjê, a iniciativa é uma resposta essencial às demandas dos indígenas, que há anos enfrentam o impacto direto das invasões. À CENARIUM, ela destacou a urgência da medida.

“É uma ação mais que devida! A Terra Munduruku, no Estado do Pará, é uma das terras mais agredidas, tanto por garimpo quanto por extração ilegal de madeira e contaminação dos rios. A retirada desses invasores realmente é necessária e urgente“, destacou.

A presidente da Fepipa, Concita Sompré (Nailana Thiely/Ascom Uepa)

A operação envolve cerca de 20 órgãos federais, incluindo Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Força Nacional e Polícia Federal (PF), em uma força-tarefa determinada a preservar o território e garantir a segurança dos povos indígenas. Segundo Concita, a Fepipa tem atuado constantemente para denunciar as invasões e pressionar o governo a proteger não apenas a TIMU, mas também outras terras em situação de risco.

“Para nós, essa iniciativa realmente vem atender as demandas que já fizemos no passado e continuamos persistindo. A destruição já está lá e, sem essa ação, a tendência é a destruição total, com desmatamento, contaminação dos rios por mercúrio e morte de animais, além da violência constante contra os povos locais”, afirmou.

A Terra Indígena Munduruku foi homologada em 2004 e abriga mais de 9 mil indígenas, que dependem do território para manter as tradições e recursos naturais. A ação federal reflete também o cumprimento de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709, determinou prioridade à desintrusão da área devido à situação crítica. Concita espera que a iniciativa seja replicada em outras terras indígenas, como a TI Kaiapó.

Governo federal para desintrusão da Terra Indígena Munduruku (Edvan Guajajara/Ascom Fepipa)

“Acredito que não só este território será alvo de ações, mas também outros que já foram denunciados, como a TI Kaiapó, que também sofre exploração e saqueamento”, afirma Concita Sompré. Para a presidente da Fepipa, a expectativa dos indígenas é que a operação não só remova os invasores, mas também garanta a preservação da fauna, flora e rios essenciais para a sobrevivência cultural e ambiental da região, assegurando que os direitos constitucionais dos povos indígenas sejam finalmente respeitados.

Leia mais: Terra Indígena Anambé queima há mais de uma semana no Pará
Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Gustavo Gilona

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