Nestlé e outras gigantes, são processadas por envolvimento com trabalho infantil na África

Costa do Marfim e Gana somam 60% da produção mundial de cacau (Reprodução/IRAdvocates)

Com informações da Folha de S.Paulo

SÃO PAULO – Uma ação civil pública ajuizada na Justiça federal dos Estados Unidos há dez dias tem tudo para transformar um prazer gastronômico —o de comer chocolate— num debate político e indigesto.

A ação pretende levar ao banco dos réus sete das maiores fabricantes de chocolate do planeta por ligações com o tráfico de crianças e a exploração do trabalho infantil na África Ocidental, não raro em condições análogas à escravidão.

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Nestlé, Mars e Hershey, além de Cargill, Mondelez, Olam e Barry Callebaut foram citadas na peça elaborada pela organização de direitos humanos International Rights Advocates (IRA).

A autora da ação representa oito jovens do Mali que afirmam ter sido sequestrados para a vizinha Costa do Marfim e forçados a trabalhar em fazendas de cacau em condições degradantes e perigosas como o uso de facões e a aplicação de pesticidas.

Produção de cacau

A Costa do Marfim é uma das maiores produtoras de cacau do mundo, ao lado de Gana. Juntos, os dois países africanos somam cerca de 60% da produção mundial de cacau, principal matéria-prima do chocolate.

Essa é a primeira vez que a indústria do chocolate é alvo deste tipo de ação no sistema de Justiça dos EUA. Outro processo, aberto em 2005 contra Nestlé e Cargill, foi arguido na Suprema Corte americana em dezembro de 2020. Mas a ação civil pública de agora argumenta que seus demandantes representam “milhares de outras crianças e jovens” daquela região da África.

Segundo o IRA, há décadas as gigantes do chocolate globalizado se beneficiam de um sistema de exploração infantil, sustentado num regime semelhante ao do trabalho escravo, para ampliar margens de lucro sem a respectiva responsabilização.

“Desde 2001, essas empresas não podem fugir das evidências esmagadoras de suas relações comerciais com fazendas de cacau que escravizam crianças”, afirma Terrence Collingsworth, diretor-executivo do IRA.

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