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No AM, 1º Fórum das Federações debate criação de iniciativas que beneficiem povos indígenas
Iniciativa tem como objetivo debater a criação de ferramentas que beneficiem as comunidades e os povos tradicionais amazonenses (Bruno Pacheco/Cenarium)
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29 de março de 2022
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS — O 1º Fórum Estadual das Federações Indígenas do Amazonas começou nesta terça-feira, 29, no Hotel Intercity, no bairro Adrianópolis, na zona Sul de Manaus. O evento, promovido pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação Estadual do Índio (FEI), é realizado até esta quarta-feira, 30, com a participação de federações e lideranças do movimento indígena e tem como objetivo debater a criação de ferramentas que beneficiem as comunidades e os povos tradicionais amazonenses.
De acordo com o diretor-presidente da FEI, Zenilton Mura, o Amazonas tem a maior população indígena do Brasil, com 30% do território de terras indígenas, e o fórum foi construído com a ideia de fazer uma consulta sobre as principais necessidades desses povos. Segundo ele, a entidade busca fazer uma gestão compartilhada, transparente e organizada com as populações tradicionais do Estado.
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“O nosso trabalho visa a construção de um planejamento pensado com as federações, ouvindo as lideranças, para que possamos ter resultados importantes voltado para as comunidades. Juntos, faremos uma gestão transparente e com resultados. Nada melhor do que você fazer um trabalho para aquela população por meio da consulta e do diálogo”, destacou Zenilton Mura.
“O nosso dever é de levar políticas públicas para as comunidades indígenas e a melhor saída para se fazer um trabalho transparente é dialogando e conversando. Aqui [no Fórum], se encontram lideranças do Juruá, Rio Negro, Purus, Baixo Amazonas, Solimões, Javali, Madeira, e de todas as regiões, e a nossa intenção é falar diretamente com esses povos”, reforçou Mura.
Para o exercício 2022, a Federação Estadual do Índio conta com um orçamento de R$ 17 milhões, sendo R$ 10 milhões de acréscimo assegurado pelo governador Wilson Lima (União Brasil) e R$ 7 milhões de dotação. O recurso é voltado para o investimento cultural e econômico das comunidades indígenas, além de ações que promovam a discussão de demandas.
Propostas
Entre as propostas a serem debatidas no encontro, segundo o diretor-presidente da FEI, está a aquisição de lanchas para as federações indígenas que integram a entidade no Amazonas. Zenilton justifica que o transporte é o maior desafio para as entidades e garantir as embarcações vai facilitar a locomoção das comunidades.
“Com essa lancha, as lideranças vão poder visitar as comunidades. Assim como quem mora em Manaus, um carro é fundamental, a mesma coisa acontece para quem viaja pelo rio e precisa de um transporte. Outra demanda a ser debatida está voltada às comunidades que necessitam de abastecimento de água. Vamos propor uma programação, dentro da realidade, de construir poços artesianos e resolver essa situação”, salientou Mura.
Ainda de acordo com Mura, a FEI estará voltada a priorizar as demandas propostas pelas comunidades. “Queremos, de fato, ouvir a demanda deles e priorizando o máximo possível. Queremos o consenso de ambas as federações onde eles possam nos munir de informações, fazendo um debate respeitando cada povo e cada região”, frisou.
A líder indígena Glades Kokama, representante da Federação Indígena do Povo Kukamɨ-Kukamiria do Brasil, Peru e Colômbia, ressaltou à REVISTA CENARIUM que uma das pautas levantadas no evento também será voltada para a demarcação de Terras Indígenas, como a do povo Kokama, na região de Tabatinga (a 1.107 quilômetros de Manaus). Ela participa do Fórum junto a Organização Geral dos Caciques das Comunidades do Povo Kokama (OGCCIPK).
“O Fórum será importante para saber de questões indígenas, demarcações de terras e a valorização do nosso povo que é esquecido e não é lembrado. As aldeias e comunidades, muitas vezes, não são visitadas, as necessidades e projetos não são vistos ou reconhecidos e um apoio é fundamental ao nosso povo. No Fórum, trazemos a pauta sobre a demarcação de terras do meu povo Kokama, que tem a necessidade de mais valorização”, acentuou a líder indígena.
Glades Kokama afirmou também que uma das prioridades do povo Kokama é a construção de uma sede no município de Tabatinga, que servirá como um polo-geral para a etnia. “Estamos preocupados com nossa população, no sentido de vários projetos envolvendo a educação e saúde, e nós queremos que nossas petições e projetos da cultura milenar Kokama sejam ouvidos”, concluiu.
O Fórum
O Fórum recebe representantes de órgãos como as secretarias de Estado de Educação e Desporto (Seduc), de Produção Rural (Sepror) e de Cultura e Economia Criativa, além da Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam), do Comitê Regional e Global para Parcerias com Povos Indígenas e Outras Populações Tradicionais da Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas (GCF Task Force).
O encontro contou ainda com a apresentação do grupo Votmakum, que abriu participou da solenidade de abertura cantando e dançando as músicas “Lamentação” e “Encantada”.
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