Início » Sociedade » No AM, decreto busca evitar novo ápice da pandemia e aumento de mortes súbitas
No AM, decreto busca evitar novo ápice da pandemia e aumento de mortes súbitas
Paciente sendo entubado com a infecção do novo coronavírus (CHO RAY HOSPITAL)
Compartilhe:
26 de dezembro de 2020
Paula Litaiff eLuís Henrique Oliveira – Da Revista Cenarium
MANAUS – Em meio aos quase 200 mil casos confirmados de Covid-19 e 5.161 mortes, de 13 de março até esta sexta-feira, 25 de dezembro, no Amazonas, o decreto assinado pelo governador Wilson Lima (PSC) de restrições no comércio busca evitar uma nova onda da Covid-19 e a ocorrência de mortes súbitas, aquelas em que o infectado não chega a tempo no hospital para o atendimento emergencial.
Novas pesquisas internacionais apontam para mutações do novo coronavírus, causador da Covid-19, e o aumento significativo da doença em todo mundo com variações ainda não explicadas pela medicina.
PUBLICIDADE
No Amazonas, o governo registrou índices que alertaram o chefe do Executivo para a necessidade de revisão dos serviços não essenciais nas aglomerações típicas das festas de fim de ano.
De acordo com o doutorando do programa de pós-graduação em biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Lucas Ferrante, a única medida realmente eficiente é o distanciamento social.
“O procedimento adotado por meio do decreto do governo do Amazonas evita que realmente mais pessoas se contaminem. O nível de contaminação no estado, principalmente, em Manaus, está muito alto e as aglomerações continuam. A gente pode sofrer um novo colapso de saúde”, disse.
A adoção de uma ação mais rígida, pontua o pesquisador, visa prevenir um colapso do sistema de saúde. “Meu receio é que essa medida seja um pouco tardia. É importante dizer que nós estamos avisando que Manaus passaria para uma segunda onda do coronavírus desde agosto”, relembrou.
Em março deste ao, no primeiro ápice da pandemia, o governador Wilson Lima decretou estado de calamidade pública por conta do aumento de casos do novo coronavírus no estado. Entre as medidas, o Governo anunciou o fechamento de estabelecimentos comerciais e de lazer até 1º de junho.
No dia 21 de abril, Manaus teve o maior registro de enterros feitos em apenas um dia, quando 136 sepultamentos foram feitos na capital, segundo a Prefeitura de Manaus. À época, a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) contabilizava 2.479 casos confirmados no Estado.
Cinco dias depois, o Amazonas registrava mais de 300 mortes pelo novo coronavírus e levou o Sindicato das Empresas Funerárias do Estado do Amazonas (Sefeam) a declarar crise com a baixo estoque de urnas funerárias na capital.
Por conta da alta demanda nos hospitais públicos e particulares, a Prefeitura instalou o Hospital de Campanha Municipal, construído e mantido em parceria com a iniciativa privada no período mais crítico da pandemia na capital. A unidade contava com leitos clínicos e de UTI e ficou em atividade de abril a junho de 2020, onde hoje é o Centro Integrado Municipal de Educação (Cime), bairro Lago Azul, zona norte de Manaus.
A pandemia do novo coronavírus gerou um colapso no sistema público de saúde do Amazonas. Até 28 de abril, a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) informou que 94% dos leitos de UTI estavam ocupados. Contêineres chegaram a ser instalados em unidade de saúde para armazenar corpos de vítimas e enterros passaram a ocorrer em valas comuns.
Sepultamentos no ápice
Para se ter uma ideia, nos dois meses de agravamento da pandemia de Covid-19 no Amazonas, os cemitérios públicos e privados de Manaus registraram 5.168 sepultamentos e cremações. Foram 2.809 no mês de abril e mais 2.359 em maio. O sistema funerário público gerido pela Prefeitura de Manaus foi responsável por 4.334 desses enterros, o equivalente a 83,8%.
Manaus possui dez cemitérios públicos, sendo seis na área urbana e quatro na zona rural. Desses, somente o Nossa Senhora Aparecida, no bairro Tarumã, zona Oeste, possui capacidade para novas sepulturas. Nos demais, só é possível realizar enterros se a família da pessoa morta já possuir uma sepultura no local.
Após a reabertura do comércio em junho, novas aglomerações voltaram a ser registradas. “Essas aglomerações sociais alavancam o problema. É importante dizer que não temos outro método agora, a não ser o isolamento social. A população tem que entender isso, assim como a vacinação é importante e a população também tem que entender”, enfatiza Lucas Ferrante.
Já em setembro deste ano, em entrevista à REVISTA CENARIUM, o coordenador do boletim elaborado pelo Atlas ODS Amazonas, Henrique Pereira, explicou que por conta da evolução do vírus, não haveriam possibilidades de uma segunda onda de contaminação de Covid-19, até então, à curto prazo.
“Todos os vírus estão competindo para se reproduzir, os menos virulentos, ganham vantagem porque se transmite em maior frequência e, depois de certo tempo, interagindo com a população hospedeira, se tornam maioria”, defendeu Pereira.
Para chegar a essa conclusão, formada pelos pesquisadores Henrique Pereira, Danilo Egle e Bruno Lorenzi, foi levado em conta o modelo logístico, e não epidemiológico, para prever taxas de crescimento de casos e de óbitos.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.