No AM, membros do MP celebram rejeição de PEC que ameaça independência do órgão


21 de outubro de 2021
No AM, membros do MP celebram rejeição de PEC que ameaça independência do órgão
Sede do Conselho Nacional do Ministério Público (Reprodução/CNMP)

Priscilla Peixoto – Da Cenarium

MANAUS – A Associação Amazonense do Ministério Público (AAMP) comemorou, nesta quinta-feira, 21, a rejeição da PEC 05/2021 que, basicamente, tinha como intenção ampliar a composição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) de 14 para 17 vagas, com indicações do Congresso Nacional. Em uma publicação no Instagram, a AAMP agradeceu a quem entendeu a importância de barrar as “tentativas de interferência política e de violação à independência do Ministério Público”.

“Os parlamentares entenderam a importância do tema e com grande espírito público e independência firmaram posicionamento contrário à PEC e, em consonância com os anseios da sociedade, impediram que o guardião do regime democrático fosse derrotado e o povo amazonense e brasileiro ficasse desguarnecido”, postou a associação.

A AAMP agradeceu ainda os diálogos com parlamentares amazonenses, como Alberto Neto (Republicanos), Bosco Saraiva (Solidariedade), Delegado Pablo (PSL) e Sidney Leite (PSD), que se posicionaram contra a PEC.

“Os parlamentares em questão entenderam a importância do tema e com grande espírito público e independência firmaram posicionamento contrário à PEC. Certamente a democracia saiu mais fortalecida e o diálogo firmado com todos os parlamentares demonstra isso, ainda que nem todos os representantes do Amazonas tenham votado contra a PEC 05/2021”, reitera a associação na publicação.

A AAMP publicou um texto de agradecimento aos que entenderam a importância de barrar as “tentativas de interferência política” (Reprodução/ Instagram)

Interferência política

As três novas composições propostas pela PEC seriam de conselheiros indicados pelo poder político, “sem qualquer estudo de impacto financeiro e orçamentário”, de acordo com o presidente da AAMP, Samartin. Ele reiterou o posicionamento da associação.

“As entidades eram contrárias ao último texto desta PEC porque as mudanças propostas feriam diretamente a independência funcional e a autonomia do Ministério Público, especialmente em sua atuação extrajudicial, bem como deformam o modelo constitucional de Ministério Público idealizado pelo constituinte originário”, pontua também Samartin.

O novo texto da PEC ainda quebraria a simetria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), “quando reduz a quantidade de conselheiros indicados pelo próprio Ministério Público e estabelece indevido controle político da atividade fim, ao permitir a desconstituição de atos administrativos, ainda que no exercício funcional”.

Engajamento, autonomia e aprendizado

Logo após a rejeição do substitutivo, em nota, o procurador-geral de Justiça do Amazonas, Alberto Rodrigues do Nascimento Jr., se posicionou sobre o assunto destacando os avanços sociais e democráticos em torno da mobilização para impedir a aprovação da proposta e deu ênfase à autonomia do órgão, classificado por ele como de fundamental importância para a promoção da Justiça e defesa da sociedade.

“Ficamos satisfeitos com o resultado, mas, principalmente, comemoramos a demonstração de força e comunhão de sentimentos na defesa intransigente da autonomia do MP e da independência funcional de seus membros, essenciais para o regime democrático do País em que vivemos”, ressaltou Alberto Rodrigues, por meio de nota.

O procurador destaca ainda que o resultado positivo deixa a lição de que é necessário estreitar e fortalecer o diálogo com a sociedade, além das funções já atribuídas.

“E, aprendemos, nessa luta, que devemos fortalecer esse diálogo com a sociedade para além da obrigação funcional, porque é no contato diário com as pessoas, na relação com outras instituições, públicas e privadas, e na aproximação com os diversos segmentos sociais, que nos fortalecemos para a luta, sem prejuízo da essência ministerial de servir. Permaneçamos operosos e vigilantes”, considerou ainda o procurador-geral.

Sobre a PEC

O texto substitutivo é de responsabilidade do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA). A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 05/21, que visa a ampliação de 14 para 17 vagas no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), obteve o total de 297 votos favoráveis, 182 contra e quatro abstenções. Para chegar ao quantitativo necessário de 308 deputados, faltaram 11 votos.

Com a rejeição do documento que tinha como um dos pontos mais polêmicos a decisão de que o corregedor seria eleito pelos parlamentares e não mais pelos integrantes do CNMP, o texto original do deputado Paulo Teixeira (PT-SP) que, inclusive, mantém o número de 14 integrantes na formatação do conselho, deve passar por uma análise no Plenário da Câmara dos Deputados.

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