No AM, pagamento via WhatsApp vira alternativa para estimular recuperação de pequenos negócios

Cerca de 10 milhões de micro e pequenas empresas poderão utilizar o novo recurso da plataforma. - (Divulgação/Whatsapp)

Carolina Givoni – Da Revista Cenarium

MANAUS – Pequenos empresários de Manaus têm buscado alternativas para empreender e recuperar as perdas financeiras, causadas durante o período de isolamento social, adotado no Estado para conter a pandemia de Covid-19. Uma das possibilidades seria a recente liberação do recurso de envio e recebimento de dinheiro, pela plataforma de mensagens instantâneas, WhatsApp.

Dentro do universo comercial online, Thaiana Marinho, proprietária da loja de laços infantis “Di Maria Cecília”, contou que a produção e venda dos produtos durante a pandemia ficaram enfraquecida.

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“Estou atuando há quatro anos no mercado de vendas digitais, e durante a pandemia intensifiquei a rotina de postagem nas redes sociais, divulgando novos modelos e aos poucos o movimento foi voltando ao normal. Por isso, estou com o meu movimento 100%, reforcei meu sistema de entregas, adaptando embalagens para que sejam higienizadas após a entrega”, explica.

Thaiana conta que trabalha com pagamentos via depósito ou transferência, e recebe também pagamento via cartão e ainda por boleto, pois recebe primeiro o pagamento para iniciar a produção dos laços, feitos sob medida para cada cliente.

“As vendas online são essenciais para mim, por isso fiquei muito feliz em saber da iniciativa do WhatsApp. Com esse novo serviço, vai facilitar tanto para mim, como para minhas clientes. Vamos agilizar nosso atendimento on-line, pois atualmente, preciso usar outros aplicativos para finalizar o pagamento”, finaliza.

Tendências

Para o mestre em Mídia e Consumo, Gad Amorim, a medida só trará vantagens ao empreendedor e ressalta que um pequeno impasse, seria o tempo para aprendizado da ferramenta.

“O Facebook está ampliando o ecossistema, para ficar cada vez maior e por consequência, ajudar cada vez mais todos que anunciam nele. Atualmente já existem dois públicos dentro das plataformas: Quem interage de forma literal, ou quem está lá para vender um serviço ou produto. Quanto a taxas cobradas aos empresários são perfeitamente normais. Uma empresa está gerenciando o fluxo de caixa, ela vai tem que ganhar em cima também. Cabe o empreendedor saber agregar valor ao seu produto e principalmente precificar o serviço de acordo com essas taxas”, explica.

Amorim detalha que o funcionamento do pagamento via WhatsApp será semelhante aos já efetuados via máquina de cartão, e que isso deve acentuar o uso de tecnologias como o de comunicação de campo próximo, conhecidos pela sigla NFC. (Near Field Communication, em inglês).

“A grande diferença é que tudo vai estar no celular, essa será a grande tendência, não existir mais cartão. Não é à que bancos e outras instituições financeiras têm usado pulseiras e outros dispositivos e o próprio celular, através do NFC para pagar qualquer coisa apenas encostando seu celular na máquina”, conclui.

Segurança e relação com consumidor

Para proteger usuários e evitar transações não autorizadas, entre os 10 milhões de micro e pequenas empresas na plataforma, o WhatsApp também anunciou que será necessário informar uma senha de 6 dígitos ou usar a biometria do celular para autorizar cada transferência. Além disso, pessoas físicas serão isentas de taxas para envio de dinheiro em casos de compras pelo App.

A assistente jurídica Luma Diniz é uma assídua compradora de produtos locais. Ela avalia que a plataforma será inovadora e segue as tendências específicas dos usuários brasileiros.

“Os bancos particulares recebem dos consumidores altos valores em cima das taxas de transações e em tempos de crise e pandemia, não pagar taxa para bancos é uma ótima escolha”, defende.

Para o advogado Ricardo Gomes, os consumidores e pequenos negócios devem estar atentos para possíveis irregularidades em relação a segurança digital e ao direito do consumidor.

“De pronto, sempre me preocupa a questão dessas empresas quererem apenas ficar com lucro sem nenhuma responsabilidade em caso de danos ao usuário ou consumidor.

Ele comenta que há um desequilíbrio técnico acentuado nas relações de contratos eletrônicos, pela própria fragilidade do consumidor e dos pequenos e médios empresários, seria ideal uma avaliação do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) acerca das condições do serviço oferecido.

“Outro ponto é que, nesse tipo de contrato, as Cláusulas nunca são discutidas nem explicadas adequadamente, o usuário, consumidor ou lojista, simplesmente adere. Seria fundamental uma análise prévia do Procon para evitar surpresas indesejáveis ao consumidor”, finaliza.

Mercado online do Amazonas

Segundo o presidente do Sistema Fecomércio, Aderson Frota, a instituição monitorou e capacitou durante a pandemia, empresas e empreendedores para atuar no Delivery, Drive Thru, e nas lojas online.

“Mantivemos os cursos de capacitação para atendimento, formação, e digitalização urgente dos negócios. Cerca de 92% dos alunos presenciais agora estão completando curso online. Estamos capacitando nossos empreendedores para lidar cada vez mais com as modalidades de venda indireta, estimamos uma projeção de 40% desse setor durante a pandemia”, explicou.

Ele ainda afirma que no Amazonas, 97% das atividades comerciais ficaram paralisadas durante um período médio de 90 dias e que a abertura gradual do comércio, não significou recuperação instantânea dos negócios, que segundo ele, retomaram 40% a 50% do fluxo de caixa.

“Desse universo, 94% eram micro e pequenas empresas. Enfrentando três meses de paralisação e dificuldade extrema. E quando uma empresa se encaminha para um desequilíbrio e uma falência, acarreta desemprego. Esperamos um acordo com governo para alívio fiscal, pois a maioria dos empreendedores ficaram endividados. Existiu uma euforia com a abertura gradual do comércio, mas sem recuperação instantânea. Alguns comerciantes dizem que retomaram cerca de 40 a 50% das vendas, é pouco, mas é um avanço”, finalizou.

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