‘No chão da padaria de Ipanema, no Rio, homem morto é novo banal’


30 de novembro de 2020
‘No chão da padaria de Ipanema, no Rio, homem morto é novo banal’
Corpo foi coberto com saco preto e ficou esperando IML por cerca de duas horas (Divulgação/Internet)

Com informações do Extra

RIO DE JANEIRO – Assim como ocorreu em agosto desse ano em uma loja do supermercado Carrefour, no Recife, quando o corpo de um homem morto foi coberto com guarda-sóis, um morador de rua morreu, no Rio de Janeiro, em uma padaria e teve o corpo coberto com um plástico preto por cerca de duas horas até que fosse recolhido.

A situação chamou atenção das pessoas que perceberam que a padaria não fechou as portas e continuou atendendo clientes. O fato de o estabelecimento ter permanecido aberto impressionou o jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, que manifestou seu espanto numa crônica publicada no Globo nesse domingo, 29.

“A morte é o novo banal. A prova é que ela agora estava jogada, também sem escândalo, entre os bolos e os sorvetes na padaria do quarteirão”, criticou.

No texto, o autor relata que a morte súbita do homem ocorreu por volta das 8h da última sexta-feira, 27, quando ele apareceu para mais uma vez pedir um pouco de comida.

“O homem morto no chão da padaria era o mesmo que todo dia entrava para pedir que lhe pagassem um café com pão e manteiga. Era um mendigo, preto. Andava desaparecido, dizem que em tratamento contra a tuberculose”, escreveu.

Além de cobrir o cadáver com um plástico preto, o jornalista contou que a padaria montou um cercadinho de cadeiras para mantê-lo afastado dos clientes. Um deles teria pedido que o ambiente fosse fechado, argumentando ser uma questão “sanitária e humanitária”. O responsável pela loja, contudo, não atendeu a sua demanda.

“Ninguém teve humanidade quando ele estava jogado na rua”, respondeu o comerciante, de acordo com o jornalista. “Agora que morreu jogado na minha padaria querem que eu tenha humanidade”.

O corpo do morador de rua só foi removido duas horas depois (Reprodução/ Internet)

Carrefour

Um representante de vendas de 53 anos da rede de hipermercados Carrefour morreu, no dia 14 de agosto, enquanto trabalhava em uma unidade do grupo no Recife (PE). O caso ganhou repercussão nas redes sociais na última terça-feira, 18, quando uma foto do ocorrido foi divulgada.

O corpo foi coberto com guarda-sóis e cercado por caixas e tapumes improvisados enquanto o estabelecimento seguiu em funcionamento. Trabalhadores e clientes que estavam no local disseram que o corpo de Moisés Santos ficou no local entre 8h e 12h, até ser retirado pelo Instituto Médico Legal (IML).

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