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No interior do AM, cheia do rio Solimões dificulta escoamento da produção rural e produtos para subsistência
A dificuldade no transporte do produto afeta não só trabalhadores mas também a maioria da população de Anamã (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
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08 de maio de 2021
Matheus Pereira – Da Revista Cenarium
O município de Anamã (a 165 quilômetros de Manaus), no Amazonas, está tomado pelo rio Solimões. O nível da água dificulta o escoamento da produção rural da cidade ou até mesmo o transporte de produtos para a subsistência. Mesmo acostumados a viver à beira do rio, os habitantes da zona rural da cidade tiveram sua rotina modificada.
Antes de chegar à cidade, é possível ver, à beira do rio Solimões, plantações, principalmente de banana e mamão, praticamente cobertas pelas águas. Para conseguir colher o máximo possível, os agricultores se arriscam em suas canoas e em espécies de piers para realizar a colheita do que for possível e escoar a produção. Mas as dificuldades não são exclusivas da zona rural de Anamã. Na sede da cidade, agricultores também precisam lidar com a alagação e os obstáculos que ela impõe.
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Trabalhando com um produto que precisa estar seco para ser comercializado, a malva, o agricultor Francisco Garcia explica que com a cheia a dinâmica de colheita do produto fica mais complicada. “Quando a cheia vem, fica mais trabalhoso, mais trabalhoso para colher e secar ela (malva), para poder enrolar e vender”.
Seguindo na profissão que foi passada de geração em geração, já que seu avô já trabalhava como agricultor, Francisco conta que além das dificuldades impostas pela cheia, o mercado também tem deixado a situação mais difícil. “A fibra está muito barata. Caiu o preço e é muito trabalhoso o serviço”, revelou.
A dificuldade no transporte do produto afeta não só trabalhadores, mas também a maioria da população de Anamã, como conta Francisco Silva, o filho do “seu” Manoel. “Quando está seco, nós vamos a pé mesmo, de bicicleta, de moto. Agora na época da cheia não, só de ‘voador’, ‘honda’ (termo que os anamaenses usam para se referir aos botes motorizados) e canoa”, destaca.
Antecedência para garantir o que comer
Além da malva, o produtor também cultiva mandioca, ou “maniva” como ele diz, mas é impossível trabalhar com o tubérculo em áreas alagadas, diferentemente da fibra. Quem cultiva a mandioca em Anamã realiza a colheita antes de a água começar a subir e cobrir as “roças” para produzir a farinha que será consumida até o final da cheia.
“Essa mandioca que estamos usando já é para o uso até secar. Quando vai enchendo, nós vamos colhendo. Tudo que colhemos ficamos usando na enchente. E nós não vendemos não, porque dividimos com os parentes que nos ajudam”, explicou o agricultor Maikon Lucena.
Maikon explica ainda que, na cheia, a pesca se torna uma opção viável para garantir a alimentação, mas que um volume maior de pescado no rio e nos lagos tem períodos definidos e depende também da lua. “Tem época que está dando muito peixe, mas por causa do ‘negócio’ do luar, dá uma parada. É muito bom, só que deu uma parada por causa do luar. Tem vezes que eles (peixes) vêm, mas eles vêm só por época”, apontou.
Auxílio estadual
Tendo em vista a situação em que se encontra a cidade e as dificuldades encontradas tanto por moradores da área urbana quanto da rural, na última sexta-feira, 7, uma ação conjunta entre o Governo do Amazonas e a prefeitura de Anamã realizou a entrega de alimentos, motores para botes, canoas e ainda anunciou auxílio emergencial para mais de 2 mil famílias.
As oito toneladas de alimentos entregues às famílias carentes de Veneza da Amazônia, segundo o governo estadual, foram comprados de produtores da cidade e de comunidades próximas. Ainda segundo o ente governamental, os alimentos, como banana e mamão, foram adquiridos por meio da Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS).
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