No Maranhão, Ibama realiza operação para combater desmatamento e queimadas em terras indígenas
23 de setembro de 2022

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium
MANAUS – Comunidades isoladas sofrem com o desmatamento ilegal e incêndios na Terra Indígena Cana Brava, na região central do Maranhão. De acordo com uma matéria exibida pelo Jornal Hoje (JH), na quinta-feira, 22, brigadistas e fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) atuam em uma forte operação para combater o fogo e o desmatamento ilegal na região.
Além do apoio da Polícia Militar, brigadistas de várias etnias também se empenham na operação de combate aos incêndios. Uma carvoaria, com 28 fornos, foi demolida e o carvão produzido é oriundo de madeira extraída ilegalmente, segundo o JH.
Denúncias de que madeireiros e caçadores estão colocando fogo na floresta não só na região de Canabrava, mas também na Terra Indígena Arariboia, no Sudoeste do Maranhão (área de transição do Cerrado para a Floresta Amazônica e considerada vulnerável a incêndio) são constantes.

Só neste mês, o trabalho intenso dos brigadistas impediu o avanço de cinco incêndios na terra habitada pelos Awa Guajá e Tenetehara/Guajajara. Com mais de 413 mil hectares, a TI Arariboia foi demarcada em 1982 e homologada em 1990. O local tem sido palco de violência desencadeada pela extração ilegal de madeira, tendo como principais vítimas os povos originários.
Combate e Violência
Segundo o Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), “(…) nos anos 2000, houve pelo menos 48 casos de assassinatos de indígenas do povo Guajajara – 47 deles no Maranhão e um no Pará“. Conforme o Instituto Socioambiental (ISA), até 2020, pelo menos, 24.825 hectares foram destruídos em Arariboia.
No início do mês de agosto deste ano, a Polícia Federal deflagrou uma operação para combater a extração e a recepção ilegal de madeira na Terra Indígena Canabrava. Ao todo, foram 22 mandados de busca e apreensão no município de Barra do Corda (MA).

Conforme a PF, diversos empreendimentos na região atuam sem a emissão de Documento de Origem Florestal (DOF) e se aproveitam da extração criminosa de madeiras de área protegida, movimentando, de maneira ilegal, uma rede de movelarias, serrarias e até depósitos clandestinos.
Intitulada de Operação “Pterodon”, a ação contou com o trabalho de 110 policiais federais, Corpo de Bombeiros, integrantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e policiais militares do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) no Maranhão.