No Maranhão, um a cada cinco estudantes já foi vítima de bullying

O bullying causa marcas que podem ser profundas, podendo ocasionar diversas patologias. (Reprodução/ Internet)

Priscilla Peixoto – Da Cenarium

MANAUS – Dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) 2019, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) neste mês, mostraram que um em cada cinco estudantes no Estado do Maranhão afirma ter sido vítima de bullying na escola. A prática de intimidação sistemática se tornou pauta presente nas discussões voltadas à educação e ao convívio social. A CENARIUM conversou com um psicólogo para saber as consequências no desenvolvimento daqueles que sofrem com esse ato de agressão contínuo.

Na leitura do psicólogo Adan Silva, o bullying causa marcas que podem ser profundas e ocasionam diversas patologias levando, inclusive, a situações trágicas. “Quando falamos de crianças e adolescentes em fase escolar, falamos de um ser que está caminhando para a fase adulta e, estes adultos podem ser indivíduos inseguros em relação a si mesmo, passando por aqueles momentos que apresentam depressão, ansiedade e até questões mais graves como o suicídio”, explica o psicólogo.

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Dados

Além de mostrar que um em cada cinco (20,1%) dos alunos maranhenses se sentem incomodados com os atos provocativos, o estudo apontou que, entre as meninas da região, a proporção é ainda maior ultrapassando 24% e os meninos 16,3%. A análise percentual abrange estudantes de 13 a 17 anos, mostrando que, no geral, 23% desse público-alvo já sentiu humilhado por colegas de escolas. As principais motivações relatadas foram referentes à aparência corporal, do rosto, seguidas do fator cor ou raça, com 16%, 10,6% e 9,2%, respectivamente.

O especialista alerta que a prática do bullying em ambientes educacionais destinadas a alunos do ensino médio tem maior potencialidade de desencadear problemas como autoaceitação e distúrbios alimentares. “É bem comum ver adultos inseguros com transtornos alimentares do tipo bulimia, anorexia, com vergonha por serem gordos ou magros e tudo isso por conta de um gatilho desencadeado, justamente, na fase em que eles estavam passando por transições corporais”, ressalta.

No Brasil, 23% dos alunos afirmaram ter sofrido esse ato de violência. (Reprodução/ Internet)

Diálogo e educação

De acordo com Adan Silva, cabem questionamentos fundamentais para que haja o combate da prática que, infelizmente, é um ato que tem se repetido de geração para geração. A passagem de valores ensinada na família e ambientes sociais precisa ser revista para a detecção da origem do comportamento.

Ele ressalta que a escola tem a obrigação de provocar o pensamento crítico e colocar em debate o assunto de modo que a comunidade escolar aprenda as graves consequências que o bullying pode causar. “Não adianta somente auxiliar a vítima, se após a sessão ela volta para o ambiente que o adoeceu, é necessário tratar, se possível, o todo, ser de fato, um agente de mudança”, pontua Adan.

Valorização da diversidade

Para a pedagoga Francisca Ernesto, de 60 anos, sendo mais de 20 anos dedicados à educação, o caminho para combater esta questão que ela chama de dolorosa e, por diversas vezes, silenciosa, é o respeito, a capacitação e a conscientização. A promoção de debates, capacitação de profissionais da educação, além de atividades lúdicas que mostrem de maneira didática e sensibilizem os impactos negativos na vida do outro.

“Acredito que em relação ao sistema educacional, o caminho é de alguma forma fazê-los entender que a sociedade é plural, a diversidade existe e precisa ser respeitada. Ninguém pode ser ridicularizado por conta de raça, gênero, biotipo, classe social ou seja quaisquer fator e é papel da escola junto com família desde a primeira infância ensinar isto”, diz a pedagoga.

Ao longo dos anos, a pedagoga destaca que, dentre as consequências do bullying, pode observar de perto a retração de alunos até profissionais. Aqueles que até então apresentavam um comportamento espontâneo, mudam de forma brusca as atitudes quando estão em ambientes que haja socialização.

“Já testemunhei casos de alunos que se retraíram por conta dessa situação. Pessoas alegres, inteligentes, se afastando desses lugares que não só a escola, mas até igreja e a própria família, por causa dessa sensação de exposição e desamparo. Geralmente são pessoas com grande potenciais e precisamos estar atentos”, conta a professora.

O que é bullying?

Palavra de origem inglesa, “bully” (valentão/brigão) é utilizado como sinônimo de ações contínuas de violência contra o próximo, geralmente indefeso ou tido pelo “agressor” como mais fraco. A violência pode ser física, verbal, psicológica, social, material ou até cyberbullying (quando o agressor “se esconde” atrás de telas e dispositivos eletrônicos para atacar a vítima por meio da internet).

Falando em cyberbullying, a pesquisa liderada pelo IBGE revela que 13% dos entrevistados já sofreram algum tipo de agressão nas redes sociais, no Maranhão, o percentual chegou a 11,7% atingindo, em maior parte, as meninas.

A pesquisa também perguntou aos estudantes quando se sentiram ameaçados, ofendidos ou humilhados nas redes sociais ou aplicativos de celular nos 30 dias anteriores à pesquisa. No País, 13% disseram que tinham sofrido esse tipo de violência. No Maranhão, o percentual é de 11,7%, sendo a maior parte em meninas.

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