No PA, audiência pública debate criação do ‘Fórum do Mercúrio’ para investigar contaminação no Rio Tapajós

No total, foram avaliados 462 adultos de oito comunidades ribeirinhas e uma área urbana(Distribuição: Instagram/ Tapajós de Fato)
Diovana Rodrigues – Da Revista Cenarium

MANAUS – Em audiência pública realizada pelo Ministério Público Federal (MPF), nesta sexta-feira, 20, na unidade Rondon da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), foi discutida a criação do ‘Fórum Mercúrio’, que vai ser responsável por investigar a contaminação do minério na bacia do Rio Tapajós e também em alimentos, como o peixe, que pode causar danos à população.

A pesquisa realizada por meio de parceria da Ufopa, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da WWF-Brasil, resultou na constatação de grave estado de contaminação por mercúrio no povo Munduruku.

Audiência Pública para debater a contaminação de mercúrio no povo Munduruku.
Distribuição: Instagram/ Tapajós de Fato.

“No total, foram avaliados 462 adultos de oito comunidades ribeirinhas e uma área urbana. No geral, 75,6% dos participantes apresentaram concentrações de Hg acima do limite seguro (10 µg/L). A exposição ao Hg foi maior na população ribeirinha (90%) do que nas áreas urbanas (57,1%). Os níveis médios de Hg foram 21,8 ± 30,9 µg/L e 50,6 µg/L em moradores urbanos e ribeirinhos, respectivamente. O nível médio de Hg foi maior naqueles com idade entre 41 e 60 anos em áreas urbanas e ribeirinhas, com os moradores ribeirinhos exibindo em média o dobro dos residentes urbanos”, segundo artigo publicado na revista científica International Journal of Environmental Research and Public Health.

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Na audiência, fazem parte da mesa representantes das seguintes instituições: Ministério Público do Estado do Pará (MPF-PA); Ufopa; Sindicato dos Trabalhadores(as) Rurais do Município de Santarém (STTR); Projeto Saúde e Alegria (PSA); Sociedade para Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente (SAPOPEMA); Grupo de Defesa da Amazônia (GDA); Movimento dos Pescadores do Baixo Amazonas (MOPEBAM); Movimento Tapajós Vivo (MTV), Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns (CITA); Comissão Pastoral dos Pescadores da Arquidiocese de Santarém (CPP); WWF Brasil, pastorais sociais da Arquidiocese de Santarém, entre outros. O público-alvo é a sociedade civil organizada, instituições governamentais e não-governamentais. A criação do Fórum remonta problemas sociais e ambientais.

“Muitos disseram que o garimpeiro está sendo criminalizado pelo Ministério Público e pela sociedade em geral e pelas ONGs. (…) Ninguém quer a morte do Rio Tapajós, mas nós precisamos entender que o desenvolvimento precisa acontecer de uma maneira que o rio permaneça vivo. Existe um outro rio no estado do Acre que está morrendo que é o Rio Xingu. Algumas poucas pessoas estão ganhando muito dinheiro com esse investimento, enquanto outras estão morrendo. Nós precisamos ir atrás desse desenvolvimento que seja de forma sustentável. Precisamos da ciência, de pessoas que fazem estudos de campo. Não vamos chegar a lugar nenhum sem a ciência”, disse a representante da Defensoria Pública da União.

Testagem

Ainda reforçou o maior número de testagens de mercúrio nos povos indígenas e nos garimpeiros, a fim de realizar o acompanhamento dimensionado, entender melhor o que está acontecendo e, assim, criar políticas públicas. Reforçou também o incentivo e a ajuda dos laboratórios para a realização desses exames, além da capacitação dos agentes de saúde e infraestrutura suficiente para atingir todas as populações afetadas nas localidades mais afastadas.

“As nossas pesquisas não falam em contaminação, mas sim em exposição pelo Mercúrio. (…) A importância do Fórum na questão do garimpo é pedida pela sociedade e se o cunho deste Fórum não é tratado dessa forma, precisamos de um espaço público para que esse tema possa ser pauta, se não a questão de saúde nunca vai ser resolvida porque temos outras dores envolvidas nesse processo”, disse a Profa. Dra. Aldenize Ruela Xavier, reitora e representante da Ufopa.

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