No País que mais mata homossexuais no mundo, maioria diz ser contra casais gays em comerciais de TV

Propaganda de O Boticário para o Dia dos Namorados que gerou reação homofóbica em 2015 - Reprodução

Victória Sales – Da Revista Cenarium

MANAUS – Uma pesquisa realizada pelo Datafolha apontou que a maioria da população brasileira afirma que é contra a presença de casais gays em comerciais de televisão. O levantamento foi feito entre os dias 13 e 16 de dezembro, com mais de três mil pessoas de 16 anos em 191 municípios do Brasil.

Na mesma pesquisa, aproximadamente 51% da população contaram que concordam totalmente ou pelo menos em parte que “comerciais com casais homossexuais devem ser proibidos para proteger as crianças”. Assim como 45% dos entrevistados dizem que discordam totalmente ou em parte da afirmação. No total, a maior concordância fica entre os homens, com 55% e os menos escolarizados.

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Pautas como essa tiveram um peso importante durante a campanha do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). A aparição de casais gays em comerciais já acontecia, mas após as eleições de 2018 a onda de ataques homofóbicos em 2015 em uma propaganda da empresa O Boticário no Dia dos Namorados ganhou grande repercussão. Especialistas em mercado publicitário destacam que campanhas com diversidade trazem ganhos às empresas.

Outra pesquisa do Datafolha feita há três anos atrás apontou que a visão de casais homossexuais na televisão contrasta com a aceitação de liberdade na orientação sexual. Em 2018, mais de 70% dos entrevistados contaram que a homossexualidade deveria ser aceitar, e pelo menos 18% afirmaram que ela deveria ser desencorajada.

Assassinatos de LGBTQIA+

De acordo com o relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (Ilga), o Brasil é o primeiro nas Américas em quantidade de homicídios de pessoas LGBTs. Vale ressaltar que o País já foi referência internacional por conta da criação do Programa Brasil sem Homofobia, em 2003. Em 2020, mais de 230 pessoas LGBTQIA+ tiveram morte violenta relacionada a sua orientação sexual ou identidade de gênero.

Dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), a cada 19 horas, pelo menos uma pessoa da comunidade é assassinada no Brasil. Segundo a Rede Trans Brasil, a cada 26 horas uma pessoa trans é assassinada no País. Em 2021, a pandemia da Covid-19 dificultou que a subnotificação das mortes de pessoas LGBT fossem menos comunicadas às autoridades.

Segundo o relatório “Observatório das Mortes Violentas de LGBTI+ No Brasil – 2020”, realizado pelo Grupo Gay da Bahia e pela Acontece Arte e Política LGBT+, de Florianópolis, pelo menos 237 pessoas morreram por conta da violência LGBTfóbica no ano passado.

Cruzes em cima da bandeira LGBTQIA+ representando mortes de pessoas da comunidade (Agência Brasil)
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