No Pará, CENARIUM integra ciclo de diálogos sobre efeitos das mudanças climáticas na Amazônia
Por: Ana Pastana
22 de julho de 2025
MANAUS (AM) – Belém (PA), cidade onde será realizada a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), recebeu, em junho deste ano, a terceira edição do Ciclo de Diálogos COP 30 com Ciência, evento promovido pelo Museu Emílio Goeldi. A mesa de debate contou com a participação da CENARIUM, por meio do jornalista Fabyo Cruz, para discutir como a vida na Amazônia está sendo afetada pelas mudanças climáticas.

O evento ocorreu no Museu Paraense Emílio Goeldi, no bairro Terra Firme, na capital paraense, com o tema “As respostas da biota amazônica frente às Mudanças Climáticas”. Os debatedores convidados foram Gabriela Ribeiro Gonçalves, do Museu Paraense Emílio Goeldi; Camila Ribas, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa); Maria de Fátima Guilherme, liderança comunitária da Terra Firme; e Josiel Jacinto Pereira Juruna, líder indígena Yudja/Juruna, de Volta Grande do Xingu.
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Moderador da mesa de debate, Fabyo Cruz, que também é repórter da CENARIUM em Belém, compartilhou como foi a experiência de participar de mediar o debate, destacando a importância de ouvir variados pontos de vida e vivências de diferentes regiões da Amazônia.
“Foi muito gratificante participar desse evento. Eu fui convidado pelo trabalho que venho conduzindo na CENARIUM. Tive a oportunidade de ser um moderador, ouvir de perto pesquisadores, tanto indígenas quanto não indígenas. Pessoas que vieram de Estados distintos da Amazônia e esse evento fala de algo que é muito importante, debater a ciência em um ano de COP30. É muito importante ouvir o que os nossos pesquisadores têm a dizer“, declarou.

A diretora-geral da CENARIUM, jornalista Paula Litaiff, afirmou que a participação do veículo de comunicação na terceira edição do Ciclo de Diálogos Museu Goeldi COP30 com Ciência reafirma seu papel como agente de conexão entre o conhecimento acadêmico e as demandas concretas dos povos tradicionais no caminho para a COP30.
“Ao atuar como ponte entre cientistas, lideranças indígenas, gestores públicos e o público em geral, a CENARIUM, representada por Fabyo Cruz, reforça o seu compromisso de divulgar saberes científicos e tradicionais em narrativas acessíveis e plurais, fortalecendo a identidade territorial dos povos da Amazônia. Essa atuação é fundamental para ampliar o diálogo entre diferentes formas de conhecimento e promover a valorização da diversidade cultural e ambiental da região”, pontuou Paula Litaiff.

Terceira edição
O Ciclo de Diálogos tem como objetivo promover reflexões sobre os principais desafios para a conservação e o desenvolvimento sustentável da Amazônia, articulando o saber científico com narrativas indígenas, de comunidades tradicionais e experiências de gestores públicos. Com isso, o Museu Goeldi também reforçou o seu papel como espaço de encontros e construção coletiva de conhecimento sobre temas cruciais para as discussões da COP30, que acontece em Belém, no Pará, em novembro deste ano.
Para a coordenadora do Ciclo e da Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação do Museu Goeldi, Marlúcia Martins, o tema desta edição tem ligação direta com a qualidade de vida e a economia regional, já que as mudanças climáticas afetam a biodiversidade e, consequentemente, a população.
“De que maneira as mudanças climáticas estão de fato afetando a biodiversidade? Há diversas vertentes. Há processos diretos, como a seca dos rios, que mata milhares de peixes, e os indiretos, como a perda de animais frugívoros e polinizadores, que afetam projetos de restauração”, explicou Marlúcia.
A pesquisadora também chama atenção para os processos assíncronos — fenômenos em que os ciclos naturais se desencontram devido às alterações climáticas. “Às vezes, a florada acontece, mas o inseto polinizador ainda não está ativo. Ou o inseto nasce, mas não encontra pólen. Essa dessincronia desconecta o recurso do organismo e pode levar à extinção de ambos”, explicou.
Entre as questões centrais do debate, foram abordados pautas sobre: como a biodiversidade amazônica está reagindo às mudanças climáticas? O que estamos perdendo com a redução de espécies? Que ações podem mitigar os impactos? Esses questionamentos buscam, inclusive, aproximar as agendas da COP do Clima e da COP da Biodiversidade, evidenciando suas conexões.
O evento foi transmitido pelo canal no YouTube do Museu Paraense Emílio Goeldi e pode ser acessado gratuitamente.
