Os pais do bebê acusam o Governo do Pará de não ter dado devida atenção ao caso de João que inspirava cuidados em um centro de maior complexidade e com especialistas no tipo de cirurgia que o menino teria de passar: transplante de intestino que demoraria de dois a quatro anos, mas era tida como única forma de sobrevivência. “Vamos dar um tempo para digerir o que estamos passando e depois vamos acionar o Estado na Justiça”, garante Israel Ítalo.
A criança morreu no Hospital Santa Casa, em Belém. João Vicente nasceu em Altamira, Sudoeste paraense, prematuro, e adquiriu uma infecção que obrigou transferência para o Hospital Regional Público da Transamazônica, onde a situação se agravou e foi tornada pública pelos pais, Natália Rodrigues e Israel Ítalo. Por causa da cirurgia para retirada do intestino, o recém-nascido passou a se alimentar com a chamada nutrição parenteral, quando o alimento é administrado por via não oral.
Na época em que o caso virou polêmica forçando a Justiça determinar, por duas vezes, que o alimento especial fosse normalizado, a CENARIUMdenunciou o desmando do governo paraense que também se negou a transferir o paciente de forma imediata, como ordenava outra decisão do juiz da 1ª Vara da Comarca de Altamira, José Luís Leonardo Pessoa Valença. João só foi transferido após a situação parar na imprensa, e de campanhas pedindo agilidade no tratamento da criança.
Antes disso, os pais enfrentaram outro dilema, a falta de profissionalismo de pelo menos dois médicos do Hospital Regional Público da Transamazônica. “Eu estou decepcionada com o Hospital Regional. No caso do meu filho eu escutei vários absurdos. Um [médico] falou para mim e para o meu marido que, depois da cirurgia que ele fez, da retirada do intestino, meu filho não tinha mais jeito e como a gente era novo, a gente poderia ter outro bebê”, desabafou Natália.
Sobre a falta de nutrição parenteral que, segundo os pais de João Vicente, fez com que o menino ficasse sem alimento três dias consecutivos, a Secretaria de Saúde do Estado do Pará (Sespa) explicou que a falta foi “pontual e resolvida pouco depois”. Na ocasião da denúncia, a Sespa não respondeu à acusação dos pais sobre a conduta dos médicos. A direção do Hospital Regional e a empresa que administra a unidade de saúde também não se manifestaram.
Posicionamento
Em nota, a Sespa lamentou o falecimento do paciente e se solidarizou com familiares e amigos. A Sespa esclareceu que o procedimento que o bebê necessitava era de “altíssima complexidade” e que ainda “não é realizado no Estado”. “Por isso, solicitou leito a várias unidades hospitalares de fora do Estado para transferir o paciente. A Sespa ressalta que prestou toda a assistência ao paciente por meio de seus hospitais regionais e informa que, mesmo não sendo o perfil de atendimento que o bebê necessitava, realizou a transferência do paciente para a Santa Casa, atendendo ao pedido liminar”.
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