No Rio de Janeiro, polícia prende três suspeitos pela morte de congolês

Ivana Lay, mãe do congolês Moise Kabamgabe, que morreu espancado em quiosque na Barra, fala que o filho foi vítima da mesma violência que o fez fugir do Congo (Gabriel de Paiva / Agência O Globo)

Com informações do Infoglobo

RIO — Três homens suspeitos de terem matado o congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, já estão detidos pela Polícia Civil. A investigação os identificou após os rapazes terem sido flagrados cometendo o crime por uma câmera de segurança. O primeiro homem se entregou nessa terça-feira à Polícia Civil. O segundo detido foi encontrado na favela Três Pontes Paciência, bairro da zona Oeste do Rio, escondido em casa de parentes. A região é controlada por milicianos.

A polícia também apreendeu um taco de madeira usado no crime. Segundo a polícia, o artefato estava escondido em uma mata próxima ao quiosque nessa terça-feira. A investigação descobriu que o objeto foi descartado pelos criminosos e uma testemunha indicou o local.

“Estamos há uma semana trabalhando de forma interrupta e hoje localizamos e estamos ouvindo as três pessoas que praticaram as brutais agressões. As três pessoas não trabalham no quiosque e o dono ajudou e foi solícito nas investigações. Como foi verificado no vídeo, foram inúmeras agressões e de uma brutalidade absolutamente desproporcional. Mesmo que, ao final das agressões, tenha havido uma tentativa de reanimar a vítima, isso não apaga a brutalidade das ações realizadas anteriormente. A vítima sendo agredida com um pedaço de pau por diversos minutos demonstra com muita clareza que foi uma ação extremamente cruel”, diz o delegado Edson Henrique Damasceno, responsável pela investigação.

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“Houve uma ação extremamente cruel. Os autores estão na Delegacia de Homicídios e o pedido de prisão temporária dos três por homicídio duplamente qualificado será encaminhado para o plantão judiciário ainda hoje”, completa.

Polícia prende mais um suspeito pela morte de congolês: ‘Fiz uma besteira’, admitiu vendedor de caipirinha Foto: Luã Marinatto
Polícia prende mais um suspeito pela morte de congolês: ‘Fiz uma besteira’, admitiu o vendedor de caipirinha (Luã Marinatto)
Imagens flagraram três homens agredindo Moïse Mugenyi Kabagambe com socos, chutes e até pedaços de pau e depois tentando reanimar o rapaz
Imagens flagraram três homens agredindo Moïse Mugenyi Kabagambe com socos, chutes e até pedaços de pau e depois tentando reanimar o rapaz

Segundo apurou o GLOBO, o segundo detido trabalha vendendo caipirinha na praia da Barra da Tijuca e confessou o crime informalmente no momento da prisão: “fiz uma besteira”, disse o homem aos agentes. Para prendê-lo, os policiais tiveram que arrombar a porta da casa onde ele estava.

De acordo com as imagens, a briga começa por volta de 22h25. Um dos homens pega um pedaço de pau e Moïse, uma cadeira. Eles andam um atrás do outro e o estrangeiro chega a tirar a camisa, até ser surpreendido por outros dois agressores, que lhe jogam no chão, próximo a uma escada que dá acesso à praia. A partir daí, os três dão início a uma série de violência contra ele.

Os vídeos mostram ainda que, cerca de dez minutos depois, os agressores chegam a amarrar as mãos e os pés de Moïse com um fio. Aproximadamente 20 minutos mais tarde, uma mulher se junta ao grupo e dois homens tentam fazer a reanimação do estrangeiro, com massagens cardíacas.

Segundo o inquérito, o corpo de Moïse foi encontrado por policiais militares do 31º BPM (Recreio) ainda amarrado, no chão, próximo ao Tropicália. Ele prestava serviço pontualmente no local servindo mesas na areia e, segundo parentes, pretendia tentar cobrar pagamentos atrasados quando acabou sendo morto.

Os três detidos alegam que houve uma desavença que culminou em uma briga e negam qualquer relação entre o ocorrido e a nacionalidade da vítima.

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