Norte concentra maiores índices de insegurança alimentar grave do País, diz IBGE
Por: Marcela Leiros*
13 de outubro de 2025
MANAUS (AM) – Três Estados na Região Norte concentram os piores índices de insegurança alimentar grave do Brasil, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quinta-feira, 10. O levantamento mostra que Amapá (9,3%), Amazonas (7,2%) e Pará (7,0%) lideram o ranking nacional de lares em situação de fome, quando a escassez de alimentos atinge inclusive crianças e adolescentes.
A insegurança alimentar refere-se à falta de acesso consistente a alimentos nutritivos e suficientes para uma vida saudável e ativa. O IBGE a classifica em três níveis: leve (preocupação ou incerteza quanto ao acesso a alimentos e redução da qualidade para não afetar a quantidade;), moderada (falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos entre adultos; e grave (falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos também entre menores de 18 anos, com a fome sendo uma experiência vivida no domicílio).
Entre os Estados com os maiores percentuais de domicílios em insegurança alimentar também estão três Unidades Federativas (UFs) da Região Norte: Pará (44,6%), Roraima (43,6%) e Amazonas (38,9%), seguidos por Estados do Nordeste, Bahia (37,8%), Pernambuco (35,3%), Maranhão (35,2%), Alagoas (35%) e Sergipe (35%).

Apesar de o número total de domicílios com algum grau de insegurança alimentar ter diminuído de 27,6% para 24,2% entre 2023 e 2024, o problema segue alarmante na Região Norte, onde 37,7% dos lares ainda convivem com a incerteza ou falta de alimentos. É a maior proporção do País, quase quatro vezes superior à registrada no Sul (1,7%).

Perfis
Os dados mostram maior vulnerabilidade à restrição alimentar nos domicílios onde residiam crianças ou adolescentes: 3,3% da população de 0 a 4 anos e 3,8% da população de 5 a 17 anos conviviam com insegurança alimentar grave. Na população de 65 anos ou mais esta proporção foi menor, de 2,3%.
À medida que aumentava a idade, crescia a proporção daqueles que viviam em domicílios com segurança alimentar. “A população com mais idade tem um rendimento em média maior, são pessoas que ainda contribuem financeiramente, seja com trabalho, seja com aposentadoria“, esclareceu Maria Lucia, analista da pesquisa do IBGE.
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Os casos de insegurança alimentar moderada ou grave também se concentraram em domicílios com rendimento mensal per capita de até um quarto de salário mínimo (13,4%), até meio salário (21,2%) e até um salário (31,5%).
Somadas, essas três classes de rendimentos concentraram, aproximadamente, dois terços dos lares com insegurança alimentar (66,1%). Já os lares com rendimento superior a dois salários mínimos representaram 7,4% dos casos.