Nos últimos dois meses, Pará lidera registros de incêndios florestais


10 de setembro de 2024
Nos últimos dois meses, Pará lidera registros de incêndios florestais
Bombeiros apagam chamas em floresta no Pará (Agência Pará)
Fabyo Cruz – Da Cenarium

BELÉM (PA) – O Pará lidera o ranking nacional de focos de incêndio desde a segunda quinzena de julho, conforme foi apurado pela CENARIUM, a partir de dados do Painel do Fogo do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam). Atualmente, o Estado possui 687 eventos de fogo. Quatro cidades paraenses – São Félix do Xingu (1.508), Altamira (664), Novo Progresso (221) e Ourilândia do Norte (299) – estão entre os municípios brasileiros com o maior número de queimadas, destacando uma grave crise ambiental no Estado.

A situação crítica levou à exoneração do secretário de Meio Ambiente do Pará, José Mauro de Lima O’ de Almeida, que ocupava o cargo desde 2019. No mesmo dia, 6 de setembro, o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou duas ações civis públicas exigindo que a União e o Governo do Pará adotem, com urgência, um plano emergencial para combater as queimadas nas áreas mais afetadas.

José Mauro de Lima O’ de Almeida foi exonerado da Semas (Bruno Cecim/Agência Pará)

Nas ações, o MPF solicita a implementação imediata de um plano que inclua o mapeamento das áreas afetadas, o destacamento de brigadas de incêndio e a logística necessária para atuação eficiente das equipes. O plano deverá cobrir todo o período de estiagem, que vai até o final de 2024, com a permanência de equipes de fiscalização e combate aos incêndios. O MPF estipulou um prazo de 15 dias para o cumprimento dessas ações, com multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento.

Ranking dos Estados com maiores registros de eventos de fogo no Brasil, nos dias 8 e 9 de setembro (Reprodução/Censipam)
Verão amazônico intensifica queimadas no Pará

O fenômeno climático conhecido como verão amazônico, que ocorre entre julho e novembro, tem agravado a situação no Pará. Com a estiagem prolongada, a redução da umidade do ar e o aumento das ondas de calor, o cenário se torna propício para a propagação de incêndios florestais, que podem ser causados por ações acidentais, criminosas ou fenômenos naturais como descargas elétricas.

Em 2024, as queimadas nas Terras Indígenas (TIs) Munduruku, Kayabi e Sai Cinza, localizadas no oeste paraense, triplicaram. Dados do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) indicam inúmeros focos de incêndios ativos, colocando em risco as comunidades indígenas e tradicionais da região.

Ranking dos 15 municípios brasileiros com maiores registros de eventos de fogo (Área de Influência/hectares) do BRASIL (Últimas 24h)
Reunião emergencial

Em 3 de setembro, o MPF convocou uma reunião emergencial com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Corpo de Bombeiros e outros órgãos, na qual foram discutidas as dificuldades operacionais e estruturais para o combate aos incêndios. Entre as principais queixas estava o encerramento de brigadas, como a da Terra Indígena Mãe Maria, por falta de recursos.

Além das áreas indígenas, a degradação ambiental causada pelas queimadas afeta Unidades de Conservação Federais, como a Área de Proteção Ambiental (APA) Tapajós e a Floresta Nacional do Jamanxin, que se encontram vulneráveis e sem respostas eficazes do poder público.

Desde julho, o MPF e o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) têm realizado audiências com representantes de comunidades indígenas e órgãos públicos para coletar informações e exigir ações concretas de combate às queimadas. A crise afeta especialmente as comunidades tradicionais dos rios Amazonas, Araguaia, Tapajós e Tocantins, em um contexto que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos caracteriza como racismo ambiental.

O MPF alertou que a concessão de medidas emergenciais é necessária para proteger o meio ambiente, a saúde da população local e os direitos culturais das comunidades tradicionais. As ações civis públicas foram assinadas por procuradores que atuam nas microrregiões de Marabá e Itaituba, enfatizando a necessidade de uma resposta imediata para conter os danos ambientais no Pará.

Leia mais: Incêndios florestais afetam indígenas Munduruku e produtores rurais no Pará
Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Gustavo Gilona

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