‘Nossas mulheres não têm direito ao próprio corpo’, diz líder indígena sobre estupro de jovem de 14 anos

Criança segurando o vidro em alusão à vulnerabilidade. (Reprodução/ Internet)

Victória Sales – Da Revista Cenarium

MANAUS – No Mato Grosso, dois funcionários da Casa de Apoio Indígena (Casai), localizada no município de Barra do Garças, foram presos, suspeitos de abusar sexualmente de uma adolescente de 14 anos, nas dependências da Casai. A adolescente é indígena da etnia Xavante e está grávida, de 18 semanas.

Nas redes sociais, a líder indígena Alice Pataxó afirmou que o abuso aconteceu dentro de um lugar de apoio aos Povos Indígenas. “É um lugar onde deveríamos ser acolhidos, respeitados, mas somos violados. Nossas mulheres não têm direito ao próprio corpo nesse país, somos violentadas, sexualizadas, resumidas a nada”, relatou.

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Alice questiona ainda “o que se pode esperar da segurança oferecida dos órgãos competentes por nossa integridade e bem-estar nesses espaços de saúde? “Não podemos nos calar diante disso, um absurdo completo, onde muita gente não se importa, porque se trata do corpo indígena”, destacou.

Crime

Um dos homens envolvidos no caso tem 36 anos e o outro 24. Os dois ocupam cargos de técnico de enfermagem e auxiliar de limpeza na Casa de Apoio. De acordo com as investigações, a adolescente estava na Casai porque o pai fazia tratamento no local. Após realizar o teste de gravidez, foi constatado que a jovem está grávida de três meses.

Ao saber do que havia acontecido, a mãe da vítima procurou a delegacia da Polícia Federal (PF) informou sobre a gravidez da filha e que suspeitava de um estupro por parte dos funcionários. Segundo investigações, a jovem teria sido estuprada, pelo menos, cinco vezes.

De acordo com o delegado da Polícia Federal que está à frente do caso, Mário Sérgio Ribeiro, uma das provas que tem pretensão de colher é o exame de DNA. “Os funcionários se utilizaram das funções que exerciam na Casai para praticar o ato contra a adolescente”, afirma. Eles foram presos e encaminhados à cadeia pública do município.

Em nota, o Dsei informou que o Distrito tomou as medidas cabíveis após o caso e afirmou que a adolescente está recebendo todo apoio necessário. “A adolescente se encontra acompanhada pela sua família e está recebendo todo o auxílio necessário por meio das equipes de saúde multidisciplinar da Casai de Barra do Garças”.

Leia a nota na íntegra:

O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xavante informa que o Distrito tomou todas as medidas cabíveis após o caso de denúncia de estupro de uma indígena da etnia Xavante, menor de idade, relatado pela mãe da menor e que teria ocorrido na Casa de Saúde Indígena (CASAI) Barra do Garças (MT), em agosto deste ano.

A indígena estava na CASAI e se encontrava com familiares, onde o pai fazia tratamento. Após realizado teste de gravidez, constatou que a jovem estava grávida de 3 meses.

Segundo informações preliminares, o pai da criança seria um técnico de enfermagem, que também é indígena, e trabalha na CASAI. Diante dos fatos, foi feita denúncia à Polícia Federal e o profissional foi afastado para que se façam as apurações devidas.

O DSEI Xavante acionou o Conselho Distrital de Saúde Indígena (CONDISI) para acompanhamento do caso e informou que seguiu o protocolo de saúde para vítimas de violência. Também está oferecendo suporte psicológico para a menor no Centro de Atenção Psicossocial.

A adolescente se encontra acompanhada pela sua família e está recebendo todo o auxílio necessário por meio das equipes de saúde multidisciplinar da CASAI de Barra do Garças.

A Casa de Saúde Indígena (CASAI) Barra do Garças abrange uma área construída de 1.267,35m², possui 25 leitos para pacientes, 24 leitos para acompanhantes, sendo 6 quartos, 01 alojamento e 01 isolamento.

O objetivo da instalação é dar suporte aos indígenas que precisam de atendimento de saúde e tratamento na rede de referência de média e alta complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS) em Barra do Garça.

Para tanto, possui 35 profissionais de saúde que trabalham diariamente. O DSEI Xavante reitera ainda que mantém um serviço de vigilância 24h na CASAI.

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