‘Nosso objetivo será resgatar o protagonismo da universidade na Região Norte’, diz Marco Mendonça, candidato à reitoria da Ufam

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – A comunidade acadêmica da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) decidirá, nos dias 10 e 11 de março, a nova gestão que irá administrar a instituição. Entre os postulantes à reitoria da Universidade mais antiga do Brasil, estão Sylvio Puga, que tenta a reeleição, Andrea Wainchman e Marco Antônio Mendonça.

A REVISTA CENARIUM realizou uma série de entrevistas baseada no mesmo sorteio que definiu a Sabatina Técnica. Obedecendo a este critério, o primeiro entrevistado foi Sylvio Puga. E a segunda entrevistada foi Andrea Wainchman. O último entrevistado do bate-papo é o professor Marco Mendonça, que destacou suas propostas e prioridades para uma possível gestão.

Confira na íntegra a entrevista:

REVISTA CENARIUM: Por que o senhor decidiu ser candidato a reitor da Ufam?

MARCO MENDONÇA: É preciso, mais do que nunca, lutar por uma universidade pública, autônoma, de excelência, democrática e inclusiva. Queremos discutir a construção coletiva de uma universidade que contribua com o desenvolvimento social e econômico da nossa região, com uma formação cidadã. Nossa candidatura surge de uma iniciativa coletiva que ecoa anseios, sonhos e projetos de docentes, TAE’s e discentes que desejam uma universidade mais eficiente, mais humana, mais segura e mais democrática.

RC – Eleito, quais serão os principais eixos de seu plano de gestão?

MM – Precisamos destravar a Ufam. Diminuir a burocracia para que o ensino, a pesquisa, a extensão e a inovação possam ser mais eficientes. Vamos recuperar o tempo que fora perdido em 2020, propondo um Calendário Acadêmico em que os estudantes possam estar periodizados até janeiro de 2023. Vamos investir na qualificação dos docentes e Técnicos Administrativos  com cursos de pós-graduação e treinamentos para que exerçam com eficiência suas funções. Vamos criar uma pró-reitoria de interiorização para tirar as unidades do interior do isolamento e fortalecê-las com mais autonomia orçamentária. A Reitoria estará mais próxima do HUGV para intensificar essa parceria, além de promover eleições para a escolha do superintendente. Seremos um pleito amigo da comunidade. Vamos dotar a Ufam da infraestrutura necessária para que as unidades acadêmicas e administrativas possam executar suas atividades. Nosso objetivo será resgatar o protagonismo da Ufam no Estado e na Região Norte.

RC – Como o senhor pretende articular o tripé: ensino, pesquisa e extensão?

MM – Na graduação, pretendemos melhorar as notas dos cursos de graduação. Nosso projeto UFAM+ Eficiência na graduação será desenvolvido visando elevar as notas de cursos 2 para 3, de cursos 3 para 4 e de 4 para 5, progressivamente. Faremos um estudo sistemático para levantar necessidades e mostrar a realidade dos cursos, e a partir daí as propostas de acompanhamento e adequações serão implementadas, para que em médio prazo os resultados comecem a aparecer. Sabemos que a questão não é só chegar ao conceito máximo, mas mantê-lo. Assim, somaremos esforços para que mais cursos cheguem à nota 5 e permaneçam neste patamar.

Na pós-graduação, temos um projeto cujo objetivo será melhorar a qualidade dos programas de pós-graduação para alcançarem a excelência. A Propesp acompanhará os coordenadores e analisará a capacidade e operacionalidade dos programas. Benchmarking será uma estratégia para observarmos o que está sendo feito em algum programa, sendo aplicável em outro. As particularidades de cada programa e os processos de avaliação da CAPES serão estritamente observados e levados em consideração. Apoiaremos os programas com conceito 3 para que atinjam conceito 4 e superior. Daremos as condições para os programas 4 atingirem nota 5, observando o que lhes falta e fornecendo os subsídios necessários naquilo que concerne à Propesp. Para os poucos programas nível 5, com uma análise criteriosa, levantando pontos fracos e fortes, teremos ações específicas para que alcancem os primeiros conceitos nota 6.

Em relação à pesquisa, que está ligada a pós-graduação, vamos incentivar e dar os meios para o desenvolvimento da pesquisa na Ufam. É essencial para nós sermos referência em pesquisa na região. A administração superior precisa se comprometer com o fortalecimento da pesquisa para que seja de qualidade e excelência. Portanto, vamos desenvolver ações que permitam dar o incentivo necessário a pesquisadores e grupos de pesquisas estabelecidos na Ufam.

RC – Na área da pesquisa e pós-graduação, como o senhor pretende administrar a crise de investimentos para continuar produzindo conhecimento e contribuindo para a formação de uma sociedade melhor?

MM – Vamos lutar por um orçamento que atenda às necessidades da Ufam, mas também buscaremos recursos em emendas parlamentares, em agências de financiamento e em parceria com outros órgãos públicos, setor privado e terceiro setor.

RC – O senhor tem conhecimento dos maiores problemas que afetam a Ufam? Quais seriam eles?

MM – Os pontos destacados por nós como principais ações da chapa, na segunda pergunta, já indicam quais os principais desafios da Ufam e que ações tomaremos para resolvê-los.

RC – Quais suas propostas para comunidade estudantil?

MM – Vamos promover a capacitação dos docentes para o uso de tecnologias e metodologias inovadoras e inclusivas para permitir aos estudantes terminar com qualidade seus cursos dentro do tempo previsto e periodizar os estudantes até janeiro de 2023. Buscaremos junto ao Ministério da Educação recursos para dar aos estudantes com dificuldades de acesso à Internet, a possibilidade de participar do ensino remoto e híbrido.

Vamos promover a flexibilização da oferta de disciplinas nas modalidades remota (enquanto não houver segurança para atividades presenciais) e híbrida, aumentando as possibilidades de periodização dos estudantes. Organizaremos uma equipe multidisciplinar para o desenvolvimento e produção de material didático, uso de plataforma de gestão de cursos e ambientes virtuais de aprendizagem para coordenar e dar suporte técnico-pedagógico a todas iniciativas nestas modalidades de ensino.

Vamos discutir e aperfeiçoar todas as iniciativas citadas acima com os colegiados dos cursos, Câmara de Ensino de Graduação (CEG) e Conselho de Ensino e Pesquisa (Consep) para que haja a ampla participação de discentes e docentes nestas inciativas. Expandiremos a oferta de bolsas de Iniciação Científica, de Iniciação à Extensão e de Monitoria. Desenvolveremos e ampliaremos as políticas de inclusão e de assistência estudantil dirigidas aos (às) estudantes da Ufam, de modo a reduzir as desigualdades.

Construiremos Restaurantes Universitários no Setor Sul e nas unidades acadêmicas do interior, melhoraremos o transporte coletivo na área interna do Campus (ônibus de Integração) e concluiremos a obra da Casa do Estudantes em Manaus, das Residências Universitárias no interior e melhoramento das que já estão em atividade. Vamos desenvolver programas e ações de incentivo à mobilidade estudantil e docente em cursos de graduação e pós-graduação, em âmbito nacional e internacional.

Procuraremos expandir os programas de apoio a projetos de extensão, entre outros, com o aumento do número de bolsas Pibex e queremos um Daest mais proativo, que acompanhe os alunos em situação de vulnerabilidade social já no ato da matrícula, permitindo que o aluno já entre recebendo o benefício. O Daest promoverá eventos de discussões com os discentes e juntos vão elaborar propostas para melhorar a qualidade no atendimento e no desenvolvimento de ações para os alunos.

Vamos apoiar a realização das sextas culturais e fazer do Centro de Convivência um espaço cultural permanente. Discutiremos com a comunidade a reformulação do Juufam, a realização dos Jogos dos Servidores (ativos e inativos). Apoiaremos atletas e equipes que representam a Ufam em competições locais, regionais, nacionais e internacionais, além de buscarmos recursos para melhorar a área de TI, com apoio estrutural, técnico e de pessoal, levando, assim uma Internet estável e de qualidade para o interior.

RC – É de conhecimento da comunidade acadêmica a carência de acessibilidade nas unidades universitárias. Levando em conta os escassos recursos disponíveis para investimento na Ufam, como o senhor pretende aprimorar as condições para pessoas com deficiência?

MM – Vamos investir na adaptação dos espaços da Ufam que ainda não permitem o correto acesso de pessoas com deficiência. Para os novos espaços, garantiremos a obediência da legislação que prevê acessibilidade a todos os espaços públicos.

RC – A Ufam forma milhares de profissionais que contribuem para a sociedade. De que forma acredita que a Universidade pode colaborar ainda mais com o desenvolvimento em todas as áreas?

MM – Vamos ampliar a oferta de cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado para os servidores na própria instituição ou mediante parcerias com outras instituições (Minter/Dinter). Ampliaremos a oferta de cursos, seminários e palestras, para que sejam constantes e estejam sempre à mão, como meio de formação e qualificação. Combateremos, de forma efetiva, toda forma de assédio e discriminação na Ufam.

Promoveremos cursos de formação em línguas estrangeiras para os servidores no âmbito da Ufam, garantiremos a infraestrutura física e tecnológica adequadas para que os servidores possam desempenhar suas atividades. Implementaremos política de incentivo e reconhecimento dos servidores que se destacam – procurando sempre o desenvolvimento de novas habilidades.

Está em nossos projetos a instituição da política de qualidade de vida no trabalho, visando o desenvolvimento pessoal e a melhoria das condições laborais dos servidores. Promoveremos a semana do servidor em todas as unidades para homenagear, integrar e resgatar a autoestima dos nossos servidores ativos e aposentados. Adotaremos política de incentivo e reconhecimento dos servidores que se destacam – procurando sempre o desenvolvimento de novas habilidades.

Priorizaremos a gestão administrativa desburocratizada, eficiente e voltada para resultados. Buscaremos recursos para melhorar a área de TI, com apoio estrutural, técnico e de pessoal, levando assim à qualidade e estabilidade da Internet e da funcionalidade do SEI. Promoveremos treinamento específico em processo administrativo para todos os servidores que exercem cargos de direção, função de confiança, conselheiros dos colegiados superiores e outros.

Realizaremos dimensionamento da força de trabalho para fomentar a distribuição/lotação por competências, além de promover política de incentivo a avaliações periódicas de saúde do servidor e seus familiares. Vamos elaborar plano de readequação para espaços mais humanizados com chuveiros, espaços de descanso, espaços de vivência e outros. Vamos elaborar plano de promoção de qualidade de vida para os aposentados e servidores ativos (esporte, lazer, cultura).

Faremos estudo para viabilizar a implantação de creches, contribuindo com a permanência dos nossos servidoras que tenham filhos menores de cinco anos.  Primaremos pelo acolhimento dos novos servidores por meio de cursos, palestras, manuais e outras estratégias para orientá-los, sem deixar de lado aqueles que já estão em nosso quadro.

RC – O que o senhor apresenta de diferente em sua candidatura?

MM – A universidade pública é uma das mais importantes conquistas da sociedade brasileira. Uma conquista recente, se compararmos com outros países, mas que alcançou rapidamente um patamar de excelência, gerando impactos positivos a todos os setores do país.

Precisamos preservá-la e aperfeiçoá-la, para que continue sendo um espaço privilegiado de produção de conhecimento, de formação de profissionais e cidadãos. Da promoção do saber, das artes e da cultura, do pensamento crítico e do debate plural sobre os grandes temas regionais e nacionais. Assumimos o compromisso de defender um projeto de universidade pública, autônoma, de excelência, democrática, humana, inclusiva e amazônica!

Sabatina Técnica