Notas mais altas na redação do Enem 2020 foram menores entre negros e indígenas

O percentual de notas igual ou superior a 900 pontos foi mais expressivo entre os candidatos que se declararam brancos e aqueles que não declararam a raça (Cecília Bastos/USP Imagens)

Com informações do Portal Alma Preta

MANAUS — O percentual de notas com maiores pontuações na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi menor entre os candidatos indígenas, pretos e pardos (negros), segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

As notas iguais ou superiores a 900 pontos foram mais expressivas entre os candidatos que se declararam brancos e aqueles que não declararam a raça. Ao todo, 14.159 candidatos indígenas fizeram a prova de redação da edição do Enem 2020. Do total de candidatos, 282 obtiveram nota igual ou superior a 900 pontos, equivalente a 1,99% dos candidatos na comparação total. Em comparação com o Enem de 2019, a porcentagem das notas mais altas teve aumento de 0,71 ponto porcentual.

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Já entre os candidatos declarados pretos, dos 324.688 que fizeram a redação do Enem 2020, 11.811 tiveram nota acima de 900 pontos, ou seja, apenas 3,63% tiraram nota considerada a mais alta da prova. Na comparação com o ano anterior, o aumento foi de 1,23 ponto porcentual.

Dos candidatos declarados pardos, 1.206.123 fizeram a redação, sendo que 62.197 (5,15%) tiraram nota igual ou superior a 900 pontos. Na relação com 2019, o crescimento foi de 1,74 ponto porcentual.

Os candidatos brancos foram os que mais obtiveram nota alta na redação do Enem 2020. Do grupo de 1.019.144 candidatos brancos, 101.187 tiraram nota 900, o que representa 9,92% do total. No comparativo com 2019, o aumento foi de 3,22 ponto porcentual, a maior entre os grupos analisados.

Os candidatos que não declararam raça foram 51.356, sendo que 7,76% (3.989 candidatos) tiraram no mínimo 900 pontos. O resultado de 2020 significa uma alta de 2,50 ponto porcentual na comparação com a prova de 2019.

Enem 2020: notas altas cresceram na 1ª edição feita na pandemia, mas manteve desigualdade

Segundo o levantamento do Inep, o percentual de notas da redação acima de 900 cresceu na primeira edição do Enem 2020, feito durante a pandemia. Em 2019, o número foi de 6,7%, passando para 9,9% em 2020.

Apesar do resultado positivo, a prova impressa do Enem 2020 obteve abstenção de 51,6%, a maior desde 2009, quando foi registrada a ausência de 37,7% dos candidatos inscritos.

Em um ano marcado pelo fechamento das escolas, alta de casos da Covid-19 e falta de acesso tecnológico, educacional e alimentar para alunos em vulnerabilidade social, ativistas, movimentos negros e sociais chegaram a se manifestar pelo adiamento do Enem 2020, apontando para as desigualdades enfrentadas por jovens negros e da periferia para a realização da prova.

Na edição de 2021, o Enem teve uma queda de 35% no número de inscritos em comparação com o exame anterior. Nesse ano, foram 4.004.764 milhões de inscritos, sendo que em 2020 o total foi de 6,1 milhões, que reduziu para 5,7 milhões após a confirmação do pagamento da taxa de inscrição.

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