Nova legislação de consentimento sexual da Espanha exige que só ‘sim’ significa sim
25 de agosto de 2022

Com informações do Infoglobo
MADRI (ES) – Uma nova lei na Espanha exige uma expressão explícita de consentimento nas relações sexuais, numa tentativa de remover a ambiguidade dos casos de estupro e agressão no País. O consentimento deve ser transmitido por meio de ações que “expressem, claramente, a vontade da pessoa” e o silêncio ou a passividade não serão mais aceitos como sinais positivos.
A nova legislação foi aprovada pelo Congresso nesta quinta-feira, 25, com 205 parlamentares votando a favor e 141 contra.
O Ministério da Igualdade da Espanha, que está por trás da medida, vem impulsionando uma série de iniciativas — incluindo um projeto de lei de direitos transgêneros e uma licença-paternidade de 16 semanas, além de uma licença de três dias para mulheres no período menstrual —, apesar da forte oposição dos conservadores que consideraram as medidas desnecessárias e paternalistas.
Ainda assim, a maioria dos partidos no Parlamento fragmentado tem apoiado a legislação mais recente, conhecida como a lei “Só ‘sim’ significa sim”. Também houve apoio público em meio a vários casos de estupro e abuso, incluindo um em 2016 que ganhou as manchetes em todo o mundo.
Na ocasião, cinco homens foram condenados por abuso sexual, mas não por estupro, porque a sobrevivente estava “silenciosa e passiva” durante a agressão e, portanto, a Justiça, na época, não considerou que ela tivesse se oposto ao ato. A Suprema Corte revogou o veredito em 2019 e os homens foram condenados por estupro, com sentenças subindo de nove para 15 anos cada.
Agora, a nova lei remove essa distinção entre abuso e estupro. Os sobreviventes de estupros não serão mais obrigados a provar que foram coagidos por meio de violência ou intimidação, ou que resistiram a uma agressão. Também estabelece multas por assédio nas ruas e por compartilhar imagens e vídeos íntimos de uma pessoa sem consentimento.
O número de estupros relatados à polícia espanhola aumentou 34%, em 2021, em relação a 2020, uma tendência que o Ministério da Justiça atribui a uma maior conscientização social, que torna os sobreviventes mais dispostos a denunciar seus casos às autoridades.