Novo ministro da Educação se contradiz ao defender Estado laico: ‘tenho formação religiosa’

Mesmo em recuperação da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro participou da cerimônia de posse (Reprodução/TV Brasil)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium*

MANAUS – O doutor na área educacional pela Universidade de São Paulo (USP), Milton Ribeiro, tomou posse como novo ministro da Educação na tarde desta quinta-feira, 16, no Palácio do Planalto. Durante a cerimônia de posse, acompanhada por videoconferência pelo presidente Jair Bolsonaro, o novo ministro se contradisse ao afirmar que possui formação religiosa, mas que defende o Estado laico.

“Tenho a formação religiosa. Meu compromisso, que assumo hoje, ao tomar posse, está bem firmado e bem localizado em valores constitucionais, da laicidade do estado e do ensino público. Assim, deus me ajude”, declarou Ribeiro ao assumir formalmente o cargo. Ele é advogado, teólogo e pastor presbiteriano.

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Ribeiro também se mostrou a favor do ensino público e quer buscar diálogo com acadêmicos. Durante discurso, Milton Ribeiro afirmou que o foco de sua gestão será voltada a educação infantil e ao ensino profissionalizante.

A indicação de nome dele para a pasta, foi atribuída ao ministro da Secretaria-geral, Jorge Oliveira, e ao ministro da Justiça, André Mendonça, também presbiteriano. Entre as características que fizeram com que Ribeiro fosse escolhido, está o “apreço à família e aos valores”, dizem conhecidos e integrantes do governo. Ribeiro foi vice-reitor do Mackenzie, quando o reitor era o ex-governador Claudio Lembo, mas é desconhecido entre especialistas da educação.

Prioridades

O novo ministro contou que, ao ser convidado para a função, Bolsonaro destacou que queria priorizar a educação infantil e o ensino profissionalizante no MEC. E assumiu o compromisso para seguir a orientação.

“Quando recebi o honroso convite por parte do senhor presidente para assumir o MEC, entre outras coisas, ele me disse: ‘olhe com carinho para a educação das crianças e ao ensino profissionalizante’. Hoje, publicamente, assumo o compromisso de que seguiremos essa orientação”, afirmou.

“Ainda, através do incentivo a cursos profissionalizantes, desejamos que os jovens tenham uma ponte ao mercado de trabalho. Uma via para que atinjam o seu potencial de contribuição para o nosso País”, acrescentou.

Ele também afirmou que quer “abrir um grande diálogo para ouvir os acadêmicos e educadores”. E citou que, assim como ele, os professores estão “entristecidos com o que vem acontecendo com a educação em nosso país”, citando a avaliação mundial de educação em que o Brasil está entre os 20 piores colocados.

Ribeiro também disse que nunca defendeu violência física na educação escolar. “Nunca defenderei tal prática, que faz parte de um passado que não queremos de volta.” Em vídeo de 2018, Ribeiro defendeu que crianças sejam educadas “com dor”.

(*) Com informações do Estadão Conteúdo

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