Com informações do InfoGlobo
NOVA IORQUE – O número de jornalistas presos em todo o mundo atingiu um recorde global, em 2021, de acordo com um novo relatório divulgado nesta quinta-feira, 9, pelo Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ). A entidade filantrópica aponta que 293 repórteres foram detidos, até este mês. No ano passado, a cifra de profissionais da imprensa encarcerados era de 280.
Pelo menos outros 24 jornalistas foram mortos por causa de sua cobertura, e outros 18 morreram em circunstâncias que tornam muito difícil determinar se eles foram alvos por causa de seu trabalho, informou o CPJ em seu relatório anual sobre liberdade de imprensa e ataques à mídia.
Embora os motivos para a prisão dos repórteres variem entre os países, o número recorde reflete a agitação política em todo o mundo e uma crescente intolerância com o jornalismo independente, de acordo com a organização sem fins lucrativos com sede nos Estados Unidos.
“Este é o sexto ano consecutivo em que o CPJ documenta um número recorde de jornalistas presos em todo o mundo”, disse o diretor-executivo Joel Simon em comunicado. “O número reflete dois desafios inextricáveis – os governos estão determinados a controlar e a gerenciar as informações e estão, cada vez mais, descarados em seus esforços para fazê-lo”, declarou.
Números
A China prendeu 50 jornalistas, maior número em todo o mundo, seguida por Mianmar (26), que prendeu repórteres como parte de uma repressão após o golpe militar em fevereiro, depois Egito (25), Vietnã (23) e Bielo-Rússia (19), disse o CPJ.
Pela primeira vez, a lista do CPJ inclui jornalistas encarcerados em Hong Kong – um subproduto da lei de segurança nacional de 2020, que torna qualquer coisa que Pequim considera como subversão, secessão, terrorismo ou conivência com forças estrangeiras puníveis com pena de prisão perpétua.
O México, onde jornalistas costumam ser visados quando seu trabalho perturba gangues criminosas ou funcionários corruptos, continua sendo o país mais letal do hemisfério ocidental para os repórteres, segundo o CPJ.
Na América Latina, seis jornalistas foram detidos: três em Cuba, dois na Nicarágua e um no Brasil. Apesar do número, aparentemente, baixo comparado a outras áreas, o CPJ ressalta que houve um “declínio perturbador” na liberdade de imprensa na região.
O único brasileiro detido foi o jornalista Paulo Cezar de Andrade Prado, autor do Blog do Paulinho. Ele foi condenado, em março, a mais de cinco meses de prisão em regime semiaberto por difamação contra o empresário Paulo Sérgio Menezes Garcia, vice-presidente do Corinthians à época da publicação dos textos do repórter.