O dilema dos governantes em tempos de Covid-19: da América à Europa

O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, anuncia novas medidas de restrição (Reprodução/Facebook)

Por Rodrigo Araújo*

Uma tentativa de evitar a concentração de pessoas para, assim, diminuir o ritmo do contágio na pandemia, e permitir que alguns setores da economia voltem a funcionar, mesmo que de forma restrita. Foram essas as medidas adotadas pelo Governo do Amazonas e de outros Estados brasileiros.

Esse é, atualmente, o difícil exercício dos governantes no mundo inteiro: conseguir um equilíbrio sensato entre a retomada escalonada da economia e o controle do número de casos de infecção pelas novas variantes do coronavírus.

Em Portugal, o governo deve aliviar as medidas restritivas apenas quando os números baixarem para uma média de dois mil novos casos/dia. Enquanto isso, cafés (lanchonetes) e restaurantes, um dos setores que mais sofreu com a pandemia, só deve voltar a funcionar normalmente no final do mês de abril.

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Na França, o ministro francês da Saúde, Olivier Véran, adiantou que o atual toque de recolher obrigatório pode não ser suficiente para reduzir o aumento de casos no país e, por isso, o governo está avaliando medidas mais severas de confinamento. Hoje, a população francesa só pode circular pelas ruas até 18h. “Mas estamos constatando que não é suficiente para reverter o avanço do vírus, que está circulando mais rápido a cada semana”, revelou Véran.

“Estamos num patamar crescente”, disse, recordando que há cerca de “20 mil casos positivos diagnosticados todos os dias”, volume este que aumenta em média dez por cento todas as semanas na França.

O ministro francês confirmou que tanto a estirpe do Reino Unido como a da África do Sul estão preocupando as autoridades de saúde, já que o número de pacientes infectados com estas variantes aumentou de uma média de 500 casos por dia no início de janeiro para mais de dois mil nos últimos dias.

“Consideramos estas novas variantes como novos vírus. Precisamos evitar uma pandemia dentro da pandemia”, disse Véran. Estas estirpes “provavelmente vão levar-nos a uma onda epidêmica muito forte, ainda mais forte do que as anteriores”, alertou o ministro da Saúde.


Na Alemanha, apesar das restrições, a segunda onda está castigando o país com muito mais força do que a primeira. O número total de mortes superou as 50 mil apesar do país ter apertado as restrições: as escolas permanecem fechadas desde meados de dezembro, assim como o comércio não essencial. O decreto do governo alemão vai até o próximo dia 14 de fevereiro, mas as autoridades locais já estudam a prorrogação das medidas.

Diante de um quadro epidemiológico extremamente preocupante, está a luta da população pela sobrevivência econômica. Sem poder trabalhar, o povo (empresários e colaboradores) já estão no limite de suas reservas monetárias. Muitos já quebraram e agora aguardam o desenrolar dos acontecimentos.

Para os oportunistas de plantão, é fácil criticar toda e qualquer ação das autoridades governamentais numa “caça incessante aos erros”, como desabafou durante entrevista coletiva, o presidente francês Emmanuel Macron. “Todas as ações que tomamos são estratégias que englobam riscos e erros”, destacou.

Entendemos que, tanto o Governo do Amazonas quanto a Prefeitura de Manaus acumulam acertos e erros neste momento único da história da humanidade.

E acreditamos que essa é uma guerra que só será vencida com o esforço e resiliência de todos nós, afinal, até agora, nenhum governo no mundo encontrou uma fórmula que garanta a segurança das pessoas contra a Covid-19 e a volta das atividades econômicas em sua plenitude.

(*) Rodrigo Araújo é jornalista brasileiro que mora em Portugal e colabora com a REVISTA CENARIUM

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