‘O Pará que o Helder Barbalho vende ao mundo é inexistente’, diz liderança indígena paraense
04 de dezembro de 2023
Auricélia Arapiun é coordenadora do Conselho Indígena do Tapajós (Cita) (Pepyaka Krikati/Reprodução)
Daleth Oliveira – Da Revista Cenarium Amazônia
BELÉM (PA) – Auricélia Arapiun, 36, liderança do povo Arapium e coordenadora do Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns (Cita), afirmou durante a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai, que o Pará descrito pelo governador Helder Barbalho (MDB), no evento, trata-se de um Estado inexistente.
“Como o governador tem coragem de chegar em eventos internacionais e falar que o Estado do Pará é exemplo de políticas ambientais, se o Pará continua sendo o campeão de desmatamento e queimadas florestais? Esse Pará que o Helder descreve para o mundo não existe”, declarou Arapiun.
A paraense está representando 14 povos indígenas do Baixo Tapajós (PA) na conferência. Nesta segunda-feira, 4, ela participou da mesa “Desafios e oportunidades na geração de energia para a Amazônia brasileira”, onde tratou sobre falhas do Governo do Pará quanto à crise social e ambiental agravada pela seca na região.
“Nós estamos vivendo uma crise humanitária na região do Tapajós, e o governador sequer criou um comitê de crise para dar apoio às comunidades que foram isoladas por conta da seca dos rios”, disse Auricélia. Dia 21 no novembro, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao Governo do Pará a criação de um comitê de crise para enfrentamento da crise ambiental e humanitária provocada pela estiagem na região.
Auricélia está representando 14 povos indígenas do Baixo Tapajós (Pepyaka Krikati/Reprodução)
COP30
Em novembro de 2025, Belém (PA) vai sediar a COP30. Para que o evento seja um sucesso de transformações sociais e ambientais verdadeiras para o Pará, Auricélia afirma que o Estado deve ouvir e considerar os povos indígenas.
“A gente não consegue falar com o Helder no Pará. A gente tem que atravessar o mundo, vir para um evento internacional, para sentar em uma sala com ele e ter a oportunidade de ser ouvida. Então, quero aproveitar cada oportunidade que tiver aqui. Os povos indígenas do Pará querem participar dos preparativos da COP e das construções de políticas do Estado“, disse Arapiun.
O desejo de Auricélia é que os povos indígenas do Baixo Tapajós estejam no centro das discussões. “Nossa região é esquecida pelo poder público. Sofremos com queimada, seca, garimpo, contaminação do rio, ameaça de hidrelétricas. Isso precisa mudar se o Estado quer ser exemplo“, lamentou.
Programação
Auricélia Arapiun está na COP28 integrando a delegação da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e está confirmada como palestrante em, pelo menos, três mesas até o dia 9 de dezembro. Nesta segunda-feira, 4, a paraense dividiu a mesa “Desafios e oportunidades em geração de energia para a Amazônia Brasileira” com o coordenador da Coiab, Toya Manchineri; a presidenta da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (FEPOIMT), Eliane Xunakalo; a coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Kátia Penha; o gerente de Projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), Ricardo Baitelo; o coordenador-geral do MapBiomas, Tasso Azevedo; e a professora da Universidade Federal do Pará (UFPA) e representante do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS), Lise Tupiassu.
Coordenadora-executiva do Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (Reprodução/Instagram/@auriceliaarapiun)
Na terça-feira, 5, a paraense participa do painel “As Vozes Indígenas na Defesa da Amazônia: Estratégias de Mobilização e Comunicação na Proteção dos Territórios”, com o coordenador-tesoureiro da Coiab, Avanilson Karajá; o coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Kleber Karipuna; e a cofundadora da Articulação das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), Braulina Baniwa.
No sábado, 9, Auricélia palestra na mesa sobre “Monitoramento indígena: papel dos povos indígenas de mitigação às mudanças e emergência climática”, com a coordenadora da Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Apiam), Mariazinha Baré; a coordenadora-geral da Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima), Marcilene Guajajara; e o coordenador-executivo da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará (Apoianp), Demétrio Tiriyó.
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