‘O presidente queria um superintendente da PF ligado a ele’, diz Moro ao pedir demissão do Ministério da Justiça

Nesta quinta, por 6 a 5, o plenário manteve o entendimento de que os casos deveriam ser enviados para a Justiça Federal do DF (Reprodução/Internet)

Carolina Givone – Da Revista Cenarium

MANAUS – Durante a coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira, 24, Sérgio Moro confirmou a saída dele do Ministro da Justiça (MJ). O ex-ministro também fez duras críticas sobre as interferências do presidente Jair Bolsonaro e defendeu a autonomia da Policia Federal (PF).

“A questão não é quem colocar, mas por que trocar e permitir que seja feita a interferência politica no âmbito da policia federal. Presidente disse que queria alguém que ele pudesse ligar e ter acesso a informações. Esse não é o papel da policia federal.”, disse Moro.

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O ex-ministro lamentou a crise política gerada durante o período de pandemia. Moro também citou o combate à corrupção foi intensificado ao longo dos anos com a Lava Jato e comparou a postura de Bolsonaro em relação aos governos petistas. “Os governos da época (Lula e Dilma), tinham inúmeros defeitos, mas mantiveram a autonomia da Polícia Federal”, comentou.

“Falei ao presidente quer seria uma interferência política. Ele disse ‘seria mesmo’”, afirmou Moro. “O presidente me disse que queria ter uma pessoa da confiança dele, que ele pudesse ligar, obter informações. E esse não é o papel da Polícia Federal. As investigações têm que ser preservadas”, afirmou. “O grande problema não é quem entra, mas por que entra”, afirmou Moro.

“Busquei uma solução alternativa para tentar evitar uma crise política durante a pandemia. Mas entendi que não podia deixar de lado meu compromisso com o estado de direito”, disse. “A exoneração é um sinal de que o presidente não me quer no cargo”, afirmou.

Ele ainda falou sobre seu futuro após deixar o governo. “Abandonei a magistratura. É um caminho sem volta. Agora vou descansar um pouco. Depois vou procurar um emprego. Não enriqueci, nem como magistrado nem como ministro”.

Moro citou sua biografia como juiz, relembrou à Lava jato e disse que não se sente confortável na atual situação. “É Preciso garantir o respeito à lei e a autonomia da PF. O presidente pode indicar, mas assumiu um compromisso de que as escolhas seriam técnicas”, repetiu .

Sérgio Moro disse que não há causas consistentes e não concorda com a demissão de Maurício Leite Valeixo, diretor-geral da Polícia Federal. Ele também agradeceu a nomeação de Bolsonaro e disse que foi fiel ao compromisso assumido.

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