‘O que muda entre nós e os brancos é que nós falamos outra língua’, diz indígena em protesto em Manaus

Órgãos como o DSEI são fundamentais para a assistência à saúde das populações indígenas do Amazonas (Reprodução/O Globo)

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Indígenas da etnia Kokama ocupam há uma semana a base do Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) em Manaus. Acampados provisoriamente há uma semana, eles pintaram o corpo em forma de protesto e pedem melhorias na saúde indígena e mudança na direção do orgão. De acordo com a reportagem da Band, o movimento é formado por homens e mulheres dispostos a protestar.

Segundo o líder Kandiru, na base do DSEI foram encontrados equipamentos sucateados como carros, motocicletas, além de cartões do SUS que segundo eles, deveriam ser entregues aos indígenas nas aldeias do alto e médio Solimões. Aos gritos de “Sesai queremos saúde, queremos justiça, queremos mudança!”, protestavam.

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Ainda segundo Kandiru, o descaso prejudica as populações indígenas daquela região do Amazonas. “Esses veículos aqui parados poderiam estar fazendo um apoio nas nossas aldeias e esse cartões (do SUS), nunca que chegam nas nossas portas. Nunca recebemos um documento como esse daqui (cartão SUS)”, lamentou.

Mulheres no protesto  

Outra liderança a protestar foi a indígena Nelma. “A gente fechou mês passado a Casai em Manicoré, porque eles estavam nos dando água com bolacha, não tinha alimentação, não tinha remédio. Nós somos gente também, não somos bichos”, disparou. ‘O que muda entre nós e os brancos, é que nós falamos outra língua”, declarou Nelma.

Outro que também engrossou o coro foi o cacique Kokama, Xina. “Primeiro que eles nos acusaram de baderneiros, depois disseram que nós não éramos indígenas e que estamos querendo nos passar por indígenas”, criticou. “A gente está para o diálogo, estamos aqui para fazer acordo no que for bom para nós”, adiantou.

De acordo com os líderes, as conversações não andaram porque o representante da Funai no Amazonas, está com Covid-19. Mas, por enquanto, os indígenas não pretendem desocupar o local. Eles seguem gritando palavras de ordem. “Pedimos socorro da ministra Damares em prol de saúde”, disse as mulheres da etnia Kokama.

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